quinta-feira, 1 de abril de 2010

"Coisas bonitas... um ano depois"


Annie Hall

“To love is to suffer. To avoid suffering, one must not love. But then, one suffers from not loving. Therefore, to love is to suffer; not to love is to suffer; to suffer is to suffer. To be happy is to love. To be happy, then, is to suffer, but suffering makes one unhappy. Therefore, to be happy, one must love or love to suffer or suffer from too much happiness”
Woody Allen

É algo repetido até à exaustão mas, eventualmente, chega a altura em que somos nós quem constata que, de facto, a noção de tempo é, surpreendentemente, relativa! Um ano... parece tao pouco dito dessa forma, um ano nas nossas vidas, aparentemente não muda tanta coisa assim, poderia ser algo perfeitamente insignificante, um ano na historia do universo parece algo obsoleto, tao pouco digno de referencia. Mas um ano, um ano completo ao lado de alguem, sim, pode fazer toda a diferença, um primeiro ano de uma relação pode ser a chave, o motivo, o porquê de nos tornarmos pessoas distinas daquilo que antes eramos. (Ao reler o parágrafo apercebo-me de que poderia ter lido isto em qualquer outro blog no mundo, em qualquer lingua, vindo de qualquer parte do planeta... se há algo digno de ser chamado de universal, esse algo passa, indubitavelmente, pelos sentimentos).
Durante um ano deixei de ser uma miuda perdida em busca da sua outra metade, para ser alguem completo, alguem que encontrou o seu "eu complementar" e que aprendeu a valorizar coisas, em parte, diferentes das que valorizava antes. Durante um ano passei a ser mais eu descobrindo caracteristicas em mim que só a convivencia e o companheirismo permanente com alguem trazem ao de cima... Durante um ano descobri que afinal também sinto ciume, afinal também sinto falta, afinal "nenhum homem é uma ilha" e, eventualmente, todos construimos as nossas pontes, pontes essas que passamos a cuidar como se de nós mesmos se tratassem, até porque, com o crescer da partilha, aquilo que somos vai ficando um pouco de cada lado da ponte e aquilo que está do lado de lá vai ficando cada vez mais do lado de cá...
Antes, tinha em mim um medo louco da perda de identidade, um medo obcessivo, perfeitamente idiota de deixar de ser quem era se um dia amasse realmente alguem... Agora, um pouco mais iluminada, percebo que quando o amor é verdadeiro e não um sentimento obcessivo que nos rouba a nossa propria vida e o nosso ser, aquilo que vivemos é a mais verdadeira partilha... em que ninguém ganha ou perde, em que hoje cede um e amanha o outro e em que nunca ha um vencedor ou um perdedor porque a felicidade só é completa se for dos dois.
Talvez o que nos assusta seja a ideia de crescer, de nos tornarmos mais adultos, de compreender e aceitar que chegada a altura temos que assumir as nossas necessidades... e que essas necessidades passam por ter alguem do nosso lado... afinal... diz-se e desdiz-se, mas nada é mais assustador do que a solidão...


Don't you ever dare to leave me :)

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