terça-feira, 25 de dezembro de 2007

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade



"nao gosto de letras tristes, gosto de letras sentidas" =P

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

encosta-te a mim, jorge palma

Encosta-te a mim,
nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.
Chegado da guerra,
fiz tudo p´ra sobreviver em nome da terra,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem,
não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói,
não quero adormecer.

Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.


Encosta-te a mim,
desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.
Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.


Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim

Encosta-te a mim
Encosta-te a mim
Quero-te bem.
Encosta-te a mim.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Love is Here, Starsailor

If you could see the lover in me
And we could join our hands together
If you could see how good it could be
We'll sing these stupid songs forever

Can you feel it?
Love is here
It has never been so clear
You can't love what you have not
So hold on to what you've got

Is Judy really smiling for me?
I'd change my name in case she found me
Trembling I can't believe
I've got to leave the girl behind me

Can you feel it?
Love is here
It has never been so clear
You can't love what you have not
So hold on to what you've got

If you could see the aching in me
I'd change my name in case you lost me
Trembling down to my knees
I've got to leave the world behind me

Can you feel it?
Love is here
It has never been so clear
You can't love what you have not
So hold on to what you've got

domingo, 11 de novembro de 2007

quero quem me adore, nao hoje... nao agora... mas a seu tempo.
alguem que espere que as mágoas sejam curadas, mas estando sempre aqui do meu lado... alguem, um alguem que respeite o silencio da minha dor, mas que busque incessantemente o meu sorriso mais sincero.
quero quem olhe para mim hoje e saiba que me vai amar amanha, depois, no dia seguinte, quando tudo o que de mau ha hoje no meu peito for apenas uma recordaçao de algo fantastico que um dia terminou.
quero quem veja em mim algo de unico, quem me olhe sabendo que nunca irá encontrar ninguem como eu.
nao quero alguem para me idolatrar, nao quero alguem para soletrar junto ao meu ouvido as musicas que me tocam ca dentro... nao quero a perfeição, o auge da beleza, o suprassumo da moral.
nao peço muito... um carinho sincero e paciente... nada mais. alguem que saiba que hoje o meu coração nao esta disponivel, nao esta disposto sequer a aceitar uma tentativa de invasao, mas amanha talvez, quem sabe um dia depois estará!
quem sabe se existem afinal principes encantados? vindos nao num cavalo branco, mas envoltos na mais profunda paciencia e dedicação? sou uma sonhadora, acredito que sim! :)

would u hold on to me, and love me tomorrow?...

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

ha sempre uma luz no fundo do tunel =)

moving forward...

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Lado a lado, Donna Maria

Somos dois caminhos paralelos
Vamos pela vida lado a lado
Doidos que nós somos
Loucos que nós fomos
Nem sei qual é de nós mais desgraçado

Lado a lado meu amor
Mas tao longe
Como é grande a distancia
Entre nós

O que foi que se passou entre nós os dois
Que nos separou
Porque foi que os meus ideais
Morreram assim dentro de mim

Ombro a ombro
Tanta vez
Mas tao longe
Indiferenca
Entre nós quem diria

Custa a crer
Que tanto amor
Tao profundo amor
Tenha acabado
E nós, ambos sem amor
Lado a lado

Fomos no passado um só destino
Somos um amor desencontrado
Doidos que nós somos
Loucos que nós fomos
Nem sei qual de nos mais desgracado

Sempre para sempre, Donna Maria

Ha amor amigo
Amor rebelde
Amor antigo
Amor da pele

Ha amor tao longe
Amor distante
Amor de olhos
Amor de amante

Ha amor de inverno
Amor de verao
Amor que rouba
Como um ladrao

Ha amor passageiro
Amor nao amado
Amor que aparece
Amor descartado

Ha amor despido
Amor ausente
Amor de corpo
E sangue, bem quente

Ha amor adulto
Amor pensado
Amor sem insulto
Mas nunca, nunca tocado

Ha amor secreto
De cheiro intenso
Amor tao prximo
Amor de incenso

Ha amor que mata
Amor que mente
Amor que nada, mas nada
Te faz contente, me faz contente

Ha amor tao fraco
Amor nao assumido
Amor de quarto
Que faz sentido

Ha amor eterno
Sem nunca, talvez
Amor tao certo
Que acaba de vez

Ha amor de certezas
Que nao trara dor
Amor que afinal
amor,

Sem amor
O amor tudo,
Tudo isto
E nada disto

Para tanta gente
acabar de maneira igual
E recomecar
Um amor diferente

Sempre , para sempre
Para sempre

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

muito mais que muito

tenho-me questionado inumeras (demasiadas) vezes se alguem tem o direito de nos fazer sofrer... nao tem, de facto. mas... nao seremos por vezes nos proprios quem se magoa, de uma forma que chega a ser cruel?!
afinal a culpa nao é tanto assim de quem seguiu com a sua vida em frente, mas sim nossa, de mais ninguem, ficando assim: aprisionados numa dor que remoi e consome lentamente... que parece levar de nos o que de melhor temos: a alegria, o sorriso...
pensamos, dizemos convictamente, gritamos ao mundo: "estou tao melhor assim! para que precisava dele/a afinal?", e em segredo choramos... puxamos cabelos... cravamos unhas na nossa propria pele, alivia a dor da alma.
é o desespero... dizem-me que quando ele passa fica a dor, e que, essa sim, é superada lentamente... dia a dia, passo a passo.
esta dor que me era tao alheia persegue-me agora, nao sei lidar com ela, na verdade, e tudo o que me dizem é "da proxima nao vai doer tanto". da proxima?! nunca havera uma proxima, nao como esta! o meu coração nunca mais estara receptivo deste modo, confiando cegamente... senti-me uma criança entregue a este sentimento, confiava-te a minha vida sem pensar nem um instante.
nunca, em circunstancia alguma, votarei a confiar assim... nunca!
sinto ate que esse é o unico ressentimento que fica no peito... doi-me mais que a perda do sorriso constante saber que esse "coração puro", como alguem lhe chamou, foi entregue e nunca mais vai voltar.
tudo, daqui em diante, sera, inevitavelmente, fonte de comparação... nunca mais entregarei as cartas de um modo tao voluntario.
sei que, quer queira quer nao, questionar-me-ei sempre "vais ser mais uma coisa à qual terei de sobreviver?"... a minha mente, o meu coração nao estara mais receptivo, com todos os sentidos despertos, porque a desconfiança e a insegurança, o ressentimento estarao la.
sei que, mais cedo, ou mais tarde, tudo vai passar "nao ha nada que o tempo nao cure"... mas essa cicatriz subtil mas profunda vai la ficar... de um primeiro sentimento verdadeiro... sentimento que me moveu...sentimento que me elevou ao expoente maximo da felicidade e me deixou cair do degrau mais alto, desamparada e incredula...
mas, voltando à questao inicial.. a culpa nao é de quem partiu, de quem seguiu em frente... sim, o meu coração foi destroçado, mas cabe-me a mim reconstrui-lo e aprender a viver com as cicatrizes que la ficarem. se o consigo fazer de animo leve? nao! nunca... se o vou conseguir fazer? estou certa que sim...
"my heart with no scar" nao existe mais... talvez um coração assim ainda esteja algures, por aí, para mim... para me ser entregue!
se sinto a tua falta? todos os dias... se estou a aprender a lidar com isso? a cada dia que passa mais e melhor. vai chegar o dia em que o sorriso no meu rosto sera, de novo, uma constante, e poder-te-ei abraçar sem ressentimentos...
para todo o sempre... tu para mim: muito mais que muito.

domingo, 14 de outubro de 2007

the scientist... coldpay

Come up to meet you, tell you Im sorry
You dont know how lovely you are
I had to find you, tell you I need you
Tell you I set you apart
Tell me your secrets, and ask me your questions
Oh lets go back to the start
Running in circles, coming up tails
Heads on a silence apart

Nobody said it was easy
Oh its such a shame for us to part
Nobody said it was easy
No one ever said that it would be this hard
Oh take me back to the start

I was just guessing at numbers and figures
Pulling your puzzles apart
Questions of science, science and progress
Do not speak as loud as my heart
Tell me you love me, come back and haunt me
Oh and I rush to the start
Running in circles, chasing our tails
Coming back as we are

Nobody said it was easy
Oh its such a shame for us to part
Nobody said it was easy
No one ever said it would be so hard
Im going back to the start

Oh ooh ooh ooh ooh ohh (x4)

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

let the rain come down and wash away my tears...
wash them until they're far from here...

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Fado da Despedida

quando passas nos meus olhos
nunca és o que sonhei
se és vida nunca vivi
se és amor nunca te amei

nao queiras negar-me um beijo
senhora da minha vida
nunca se nega uma esmola
a uma alma perdida

sábado, 29 de setembro de 2007

devolva-me

rasgue as minhas cartas
e nao me procure mais
assim sera melhor meu bem

o retrato que eu te dei
se ainda tens nao sei
mas se tiver devolva-me

deixe-me sozinho
porque assim eu viverei em paz
quero que sejas bem feliz
junto do seu novo rapaz

rasgue as minhas cartas
e nao me procure mais
assim vai ser melhor meu bem

o retrato que eu te dei
se ainda tens nao sei
mas se tiver devolva-me
devolva-me
devolva-me

adriana calcanhoto

será? =s

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

still dirty*

If you see me walking down the street
Or in the pages of your magazines
Looking just a little differently
Showing off a softer side of me
They say I'm looking like a lady
They say that love has gone and changed me
But don't be fooled by everything you see
I gotta let the naughty in me free

There's a woman inside of all of us
Who never quite seems to get enough
Trying to play by the rules is rough
Cause sooner or later something's gonna erupt cause

I still got the nasty in me
Still got that dirty degree, still got it
And if you want some more, sexy
Still got that freak in me, yea

I still got the nasty in me
Still got that dirty degree, oh yea
And if you want some more, sexy
Still got that freak in me

No matter what you're thinking of me, still dirty
And if ya still rolling with me, still got it
No matter what you're thinking of me, still dirty
Still got that freak in me

Why is a woman's sexuality
Always under so much scrutiny
Why can't she do exactly as she please
Without being called a million things
They say I'm not the girl they used to know, used to know
Cause I don't always wear revealing clothes, oh oo woah
But don't be fooled, the moment I get home
I'm letting loose, giving a private show, oh dont cha know

There's some women out there
Who talk and stare
Who never seem to let down their hair
Like to pass judgement but they're just scared

And don't know what they're missing
So they better beware 'cuz

I still got the nasty in me
Still got that dirty degree
And if you want some more, sexy
Still got that freak in me, still got it in me

I still got the nasty in me
Still got that dirty degree, oo yea
And if you want some more, sexy
Still got that freak in me, oh yea

No matter what you're thinking of me, still dirty
And if your still rolling with me, still got it
No matter what you're thinking of me, still dirty
Still got that freak in me

Don't tell me to behave
Cause I'll never play that game
Don't tell me what to do
Cause I'll never be uptight like you
Don't look at me that way
Cause I ain't never gonna change
And if you're talking bout my life
You're only wasting your own time

If I wanna wear lingerie outside of my clothes
If I wanna be erotic in my own videos
If I wanna be provocative, well that ain't a sin
Maybe you're not comfortable in your own skin

I still got the nasty in me
Still got that dirty degree, in me
And if you want some more, sexy
Still got that freak in me

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

i'm not playing... i never do

odiei-te...
tao profundamente que chegou a parecer mentira
com tanta intensidade, tanta força, tanta raiva... que pensei ser uma qualquer ilusao.
a verdade é que acho que o era, como posso odiar-te afinal? tavez possa.
olho para ti e não reconheço aquilo que vejo... mas não gosto...
queria saber onde foi parar a delicadeza e o carinho, essa suposta amizade inabalavel.
que raiva! que vontade de te apertar o pescoço, de te sufocar te deixar num canto!
odeio-te!
mudaste e eu nao te vi mudar. caiste de para quedas agora na minha vida de novo com essa indiferença que me fere cruel e lentamente, que corta cada pedaço de mim em mil retalhos.
jogos?! nunca fui dessas parvalheiras nao seria agora que me ia render a elas, talvez com um pouco de coragem o reflexo no espelho te mostre a arrogancia que o teu olhar me mostra.
i'm turning my back on u... acho na verdade que foste tu quem esteve sempre de costas voltadas para mim... afinal... u never looked back...
admiro essa tua capacidade... acho-a quase desumana... essa capacidade de descartar as pessoas da tua vida como se nada fosse, ou como se nada tivessem sido. parece que simplesmente me apagaste! e para ti fiquei somente na memoria como a colega que partilhou o mesmo chao por uns tempos.
olhava para ti e acreditava cegamente que "u were not like the others"... nao eras... mas... sera que mudaste?!
ou sera que eu é que quis acreditar que eras diferente quando eras exactamente igual? nunca me tentaste enganar verdade seja dita, isso nao te posso atirar à cara. acho que eu é que me quis enganar a mim propria.. é tao reconfortante acreditar que a determinada altura tivemos na nossa vida alguem que era realmente diferente... mesmo que esse alguem nao fique depois connosco.. a sua presença supostamente faria de nos melhores pessoas.
nao me lamento, mas chamo-me burra todos os dias!
odiei-te... tanto, tanto... nem sei como fui capaz! de tal modo que ainda sinto o sufoco dessa raiva apertada no meu peito.
volto a questionar-me... jogos?! às vezes acho que talvez também tu nunca me tenhas conhecido... acusa-me de usar metaforas ou eufemismos quando sao desnecessários... acusa-me do que queiras! mas jogos?! não gosto de jogos...
para ter isso de ti... essa arrogancia por detras de um sorriso que me parece forjado... atira uma a uma, ou todas de uma vez, as peças desse puzzle que fomos construindo... pelo menos a tua metade!
a minha fica aqui... no meu peito... por mais que a raiva me mande despedaça-lo... fica aqui... porque acreditei e la no fundo ainda acredito que és realmente um "special one"... se não o fores... pelo menos sentir-me-ei mais aliviada enquanto pensar que o és...

i'm not playing.... i never do.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

vem sentar-te comigo lidia... ricardo reis




Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e nao estamos de maos enlaçadas.
(Enlacemos as maos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e nao fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as maos, porque nao vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixoes que levantam a voz,
Nem invejas que dao movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.


Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada,
Pagaos inocentes da decadencia.

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as maos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.

E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

pessoa certa*

A pessoa certa não é a mais inteligente, a que nos escreve as mais belas cartas de amor, a que nos jura a paixão maior ou nos diz que nunca se sentiu assim. Nem a que se muda para nossa casa ao fim de três semanas e planeia viagens idólicas ao outro lado do mundo. A pessoa certa é aquela que quer mesmo ficar connosco. Tão simples quanto isto. às vezes demasiado simples para as pessoas perceberem. O que transforma um homem vulgar no nosso príncipe é ele querer ser o homem da nossa vida. E há alguns que ainda querem. Os verdadeiros Príncipes Encantados não têm pressa na conquista porque como já escolheram com quem querem passar o resto da vida, têm todo o tempo do mundo; levam-nos a comer um prego no prato porque sabem que no futuro nos vão levar à Tour d'Argent; ouvem-nos com atenção e carinho porque se querem habituar à música da nossa voz e entram-nos no coração bem devagar, respeitando o silêncio das cicatrizes que só o tempo pode apagar. Podem parecer menos empenhados ou sinceros do que os antecessores, mas aquilo a que chamamos hesitação ou timidez talvez seja apenas uma forma de precaução para terem a certeza que não se vão enganar. O Príncipe Encantado não é o namorado mais romântico do mundo que nos cobre de beijos; é o homem que nos puxa o lençol para os ombros a meio da noite para não nos constiparmos ou se levanta às três da manhã para nos fazer um chá de limão quando estamos com dores de garganta. Não é o que nos compra discos românticos e nos trauteia canções de amor no voice mail, é o que nos ouve falar de tudo, mesmo das coisas menos agradáveis. Não é o que diz Amo-te, mas o que sente que talvez nos possa amar para sempre. Não é o que passa metade das férias connosco e a outra metade com os amigos; é que passa de vez em quando férias com os amigos. O Príncipe que sabe o que quer, não é o melhor namorado do mundo; é o marido mais porreiro do mundo, porque não é o que olha todos os dias para nós, mas o que olha por nós todos os dias. Que tem paciência para os meus, os teus, os nossos filhos e que ainda arranja um lugar na mesa para os filhos dos outros. Que partilha a vida e vê em cada dia uma forma de se dar aos que lhe são próximos. Que ajuda os mais velhos a fazer os trabalhos de casa e põe os mais novos a dormir com uma história de encantar. Que quando está cansado fica em silêncio, mas nunca deixa de nos envolver com um sorriso. Não precisa de um carro bestial, basta-lhe uma música bestial para ouvir no carro. Pode ou não ter moto, mas tem quase sempre um cão. Gosta de ler e sai pouco à noite porque prefere ficar em casa a namorar e a ver o Zapping. Cozinha o básico, mas faz os melhores ovos mexidos do mundo e vai à padaria num feriado. O Príncipe é um Príncipe porque governa um reino, porque sabe dar e partilhar, porque ajuda, apoia e nos faz sentir que somos mesmo muito importantes. Claro que com tantos sapos no mercado, bem vestidos, cheios de conversa e tiradas poéticas, como é que não nos enganamos? É fácil. Primeiro, é preciso aceitar que às vezes nos enganamos mesmo. E depois, é preciso acreditar que um dia podemos ter sorte. E como o melhor de estar vivo é saber que tudo muda, um dia muda tudo e ele aparece. Depois, é só deixa-lo ficar um dia atrás do outro... e se for mesmo ele, fica.

Margarida Rebelo Pinto

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Desespero, Ary dos Santos



Não eram meus os olhos que te olharam
Nem este corpo exausto que despi
Nem os lábios sedentos que poisaram
No mais secreto do que existe em ti.

Não eram meus os dedos que tocaram
Tua falsa beleza, em que não vi
Mais que os vícios que um dia me geraram
E me perseguem desde que nasci.

Não fui eu que te quis. E não sou eu
Que hoje te aspiro e embalo e gemo e canto,
Possesso desta raiva que me deu

A grande solidão que de ti espero.
A voz com que te chamo é o desencanto
E o espermen que te dou, o desespero.

José Carlos Ary dos Santos

domingo, 2 de setembro de 2007

complicado?!

dizem-me que as coisas sao mais complicadas do que possam parecer...
complicado?!
complicado é acordar olhar para o lado e ter um espaço vazio... um espaço preenchido por um cheiro que não se vai embora...
complicado é querer aliviar a mente e o pensamento... mas não ser capaz de o fazer
complicado é querer ter um abraço sentido... e nem um abraço amigo nos ser dado
complicado?!
chamem complicado ao que quiserem... mas complicado é querer ter amor e darem-nos nada mais nada menos que prazer bruto... tentando ludibriar-nos com a ideia de que nos oferecem todo o carinho do mundo.
complicado é querer ter-te aqui agora... e saber que nunca vais ca estar
complicado?!
complicado é ter o mundo inteiro nas minhas maos e nao me servir de nada... é ter tudo para te oferecer e não quereres nada do que te possa dar.
e vêm-me dizer "ah é complicado!"... complicado o tanas!
devias morder a lingua ate sangrar... morde-la de cada vez que és egoista ao ponto de me dizer "é complicado".
qualquer desculpa esfarrapada me serviria para justificar essa ausencia... essa distancia...
inventa! se criativo pelo menos... mas não me queiras enganar de um modo tao cruel... queres que acredite que és o que? uma vitima desta situação? que para ti tudo isto é dificil de suportar?!
queres provavelmente que tenha pena... não tenho! nenhuma! nem de mim nem de ti... fui parva em acreditar que poderia resultar.
nunca pensei que um dia fosses mais uma coisa a que teria de sobreviver, enganei-me.
escrevi o que o engenho me permitiu e o que a alma me ordenou... escrevi... escrevi e transcrevi...
procurei tudo o que havia para te dizer... procurei ate à exaustao e procuraria sempre... porque, afinal, por ti valia a pena. eras diferente... e para mim eras melhor... eras perfeito...
"qualquer homem depois de ti é uma desilusão" disse-te eu... mantenho cada palavra...
mas porque é que tinhas de agir assim no final?! não podias continuar a ser a pessoa que eu adoro? a pessoa que completa cada recanto de quem sou? não tinhas que ser meu amante, meu namorado... tinhas que ser exactamente aquilo que sempre foste: a minha alma gemea... o meu ouvinte...
mas não... foges como se tivesses medo de me ver, e eu não consigo perceber porquê.
"mais tarde, com mais calma falamos melhor"... quando? quando ja não houver nada a dizer e nos tivermos tornado dois estranhos... ao toque e ao olhar? quando ja não puder sequer ponderar a ideia de chorar no teu ombro? quando ja não te conhecer?
complicado?!
complicado é teres deixado a minha vida "pé ante pé ou de pantufas"... quando tinhas prometido que nunca me deixarias pertencer ao teu cemiterio de poetas...
duvido ate que algum dia fui uma poetisa... mas começo a perder as duvidas de que me encaminho para esse cemiterio de esquecimento...
se não estou... se continuo aí <3 porque é que ja nem te lembras que existo e estou aqui?
complicado?!
complicado é viver de esperanças infundadas... é estar sempre à espera... olhando o horizonte pela janela... vivendo de memorias e fantasias... como mais odeio... em stand by.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

moonlight sonata, beethoven

a perfeicao nem sempre se traduz em palavras...
por vezes é, simplesmente, uma sonata ao luar*

domingo, 26 de agosto de 2007



I hate the way you talk to me and the way you cut your hair;
I hate the way you drive your car, i hate it when you stare;
I hate when you scream and the way you read my mind;
I hate you so much it makes me sick, it even makes me rhyme;
I hate the way you are always right, i hate it when you lie;
I hate it when you make me laugh even worse when you make me cry;
I hate it when you are not around and the fact that you didnt call...
Mostly i hate the way i dont hate you ,not even close, not even a little bit, not even at all!

sábado, 25 de agosto de 2007

nem sempre... para sempre

o assombro da ilusão parece acercar-se de um modo absurdo... quando tudo se assemelha a um engano, a uma aventura de dois seres errantes, um mais que o outro... quando a corrupta conduta de um amor condenado a um fim se cruza, de um modo terminantemente marcante, com o fado de uma vida, de um alguem... um suposto caminho de salvação torna-se repentinamnete em, nada mais, nada menos, que um acidentado veiculo para o que foi... o que passou... ao caminhar nesse caminho trilhado com cada gota de suor trocada por dois amantes perdidos por entre lençois, areia e mar... encontra-se o vazio... o vazio que resulta de uma parte roubada do EU...um alguem um tanto ao quanto egocentrico, egoista, centrado em si mesmo.. ve-se perdido... incompleto... e a autoconfiança esvai-se... o sorriso esbate-se... a alegria empalidece. precipicios e incertezas... um modo de vida nescio e desprezivel.. oscilando entre momentos de delirio na ilusao da felicidade... e momentos de consciencia da fraqueza... da solidão... da falta... da saudade...as pessoas vivem... os sonhos partem... e as historias de amor nem sempre... sao PARA SEMPRE.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Cemitério dos poetas, Eduardo Sá

Ha pessoas que poem palavras nos nossos sentimentos. Parecem-se com os poetas. Mas depois, de surpresa, abandonam os nossos sonhos pe ante pe ou de pantufas. Nao sei... Na verdade, decepcionam-nos (devagarinho) e, quando damos por isso, apagam-se dentro de nos. Deixam de ser preciosas e, por tudo o que valeram, nao podem voltar a ser so (!) nossas amigas. Partem, portanto, para uma terra de ninguem, muito distante do sitio onde vivem os genios da lampada, o Pai Natal, as fadas e os duendes. E por la ficam. Mais ou menos errantes. Imagino esse lugar, onde se acotovelam tantas pessoas que nos disseram tanto, como um Purgatorio, com a particularidade de la nao se ser promovido, com facilidade, ate ao Ceu. E verdade que essas pessoas nao se transformam num inferno dentro de nos, embora, por vezes, surjam, ora como um vulto ora como uma silhueta ou, ate mesmo, como uma estrela cadente que, atravessando o nosso coracao, ja nao provoca um arrepio (muito menos, um calafrio, que sao aqueles sentimentos impetuosos que nos desabotoam a cabeca e nos deixam a arder de paixao e a tremer de medo, ao mesmo tempo). Afinal, nao sao nem amigos nem amores. Transformam-se num museu? Numa arqueologia de todos os amores, por exemplo? as vezes, nem nisso. Infelizmente. Se fosse assim, estaticas ou em pequenos pedacos de historias, empoeirados, seguravam-se no nosso coraçao. O que nao acontece as pessoas que foram perdendo a magia... Este nao sei para onde (eu sei que, dito assim, custa so de pensar) e uma especie de cemiterio de poetas dentro de nos. Um lugar de silencio que convida a espreitar para o que sentimos. Com surpresa e com dor, ao descobrirmos que, ao contrario do que sempre desejamos, ha relacoes — luminosas — que foram morrendo para nos. as vezes, assusta. Afinal, nao e simpatico descobrirmos que mora em nos alguem que, nao sendo o Capitao Gancho, tenha ajudado a morrer (de inanicao, por exemplo) quem trouxe poesia, ou luz, ou um insustentavel rebulico ao que sentimos... as vezes, atormenta. Porque magoa descobrirmos que — mesmo quando nos imaginamos a dar a sala mais espacosa do nosso coracao — tambem nos, dentro de algumas, vivemos sem viver, errantes, nesse nao sei onde de alguem, entre os seus amigos e os seus amores. as vezes ainda, somos tocados pelos galanteios da vida e, levados pelo entusiasmo, imaginamos que, se desejarmos com muita forca, algumas das pessoas que guardamos no nosso cemiterio de poetas ressuscitam e regressam, cheias de luz, para surpresa do Pai Natal ou das fadas (que, sendo magicos, parecem viver num mundo de bolas coloridas de sabao). Eu sei que tambem entre as pessoas ha quem pareca magico mas intocavel. Como eles. Mas nao se esqueca: esse e o cais de embarque que, de surpresa, nos pode levar (sem volta) para o cemiterio dos poetas.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Tool, Parabola

We barely remember who or what came before this precious moment,
We are choosing to be here right now.
Hold on, stay inside
This holy reality, this holy experience.
Choosing to be here in
This body.
This body holding me.
Be my reminder here that I am not alone in
This body, this body holding me, feeling eternal
All this pain is an illusion.
Alive, In this holy reality, in this holy experience.
Choosing to be here in
This body.
This body holding me.
Be my reminder here that I am not alone in
This body, this body holding me, feeling eternal
All this pain is an illusion.
Twirling round with this familiar parable.
Spinning, weaving round each new experience.
Recognize this as a holy gift and celebrate this chance to be alive and breathing.
This body holding me reminds me of my own mortality.
Embrace this moment.
Remember.
we are eternal.
All this pain is an illusion.




sexta-feira, 10 de agosto de 2007

De olhos bem fechados

confiava-te a minha vida assim... de olhos fechados
desvendados, fechados por mim mesma
de livre e espontanea vontade,
nao me sinto cega quando fecho os olhos por ti.

nao é tudo o que mais quero afinal?
que faço entao quando me beijas?
que faço quando me abraças?
nao fecho os olhos na tentativa de te encontrar?

era capaz de te reconhecer de qualquer modo
ate assim... de olhos fechados
o teu cheiro esta em mim
cada milimetro de ti me é familiar.

uma imagem escondida na minha mente
dois amantes correndo, rindo,
pele salgada pelo mar...
fazia amor contigo assim... de olhos fechados

lembro-te assim, de sorriso no rosto
corpos indistintos, unidos
deitado a meu lado
quase dormindo... de olhos bem fechados.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

"Quando sou boa sou muito boa, mas quando sou ma sou melhor ainda", Mae West

Num pacato cafe com os amigos ha alguem que persiste com toda a segurança e convicção na repetição da ideia de que "cada um de nós é um ser uno e unico no todo universal", "coisas do trance!", dizemos nós. nao podemos, contudo, negar que em algum momento ponderamos a eventual veracidade daquelas palavras proferidas aparentemente sem a devida fundamentação.
a cada dia que passa acredito: a perfeição está em ser assim, exactamente assim, como quando me/nos vejo/vemos ao espelho.
(afinal para que um push-up daqui, uma diminuição ali, um aumento acolá?!)
bom, talvez seja ingenuidade da minha parte chamar-lhe perfeição... fico-me talvez por algo menos pomposo mas não menos ambicioso: felicidade!
serao entao apenas devaneios do trance? questionando-me a mim mesma e ao que me rodeia fico com a certeza: não, de todo!
cada Homem tem essa incrivel capacidade de ser sempre surpreendemente distinto!... faz assim sentido a frustração sentida pelos que buscam o fundamento de um modo de vida na imitação de X, Y ou Z.
"como agir?", "o que fazer?", perguntamo-nos nós. acredito que sao questoes que so cada um de nós tem a capacidade de responder a si mesmo, afinal, se cada um de nós é unico e insubstituivel, a cada um de nós corresponderá, certamente, uma resposta diferente, ainda que em situação semelhante.
tudo aquilo que somos é, constantemente, influenciado, delineado, limado, vincado, chamemos-lhe o que quisermos, por todas essas teorias do caos, esse efeito borboleta que nos afecta de quando em vez.
eu, como ser "uno e unico no todo universal" sinto-me na obrigação de me sentir importante, senão mesmo uma peça-chave (uma das seis mil milhoes que aí andam!) na construção deste caos que nos circunda, desta entropia.
assim, de cada vez que vejo, oiço, falo, espero, avanço, recuo, faço seja o que for sei que sou boa naquilo que faço, afinal ninguem o poderia fazer exactamente da mesma maneira que eu!
mesmo quando um disparate tremendo é consequencia de um acto precipitado, descuidado, impensado tenho a certeza que sendo ma sou, ainda assim, autentica e inimitavel.
assim os nossos pequenos erros sao nada mais, nada menos que momentos de brilhantismo! e os nossos grandes erros sao lições de moral, coisas a aprender, para sermos, a posteriori, melhores do que qualquer outro antes foi! =)
afinal "um instante puxa o outro e acaba por puxar a propria pessoa, por isso a pessoa ja e aquilo que ainda virá a ser".
assim, olhando para o espelho, resta dizer com um sorriso espansivo no rosto: "sou feliz"! =)
***quando sou boa sou muito boa, mas quando sou ma, sou melhor ainda!***

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

"Nao existem principes, existem sapos"

Nos, mulheres, humanamente incapazes de resistir às artimanhas desses especimes do genero oposto, vemo-nos, frequentemente, confrontadas com a nossa propria busca incessante do principe chegado no cavalo branco.
A verdade é que nos parece, de todo, impossivel e impensavel assumir as tao obvias fragilidades da nossa personalidade e admitir que, na verdade, somos incompletas sem esse alguem que nos faz ter vontade de arrancar os cabelos, um por um. Se e' a atitude mais inteligente? Fica por responder a questao.
Em cada uma de nos ha o desejo, numas mais implicito, noutras mais explicito, de encontrar o equilibrio, resta sempre uma infima esperanca de que sera encontrado o tal que sera diferente e nos fara acreditar que existe, de facto, uma especie de "special one" para cada uma de nos.
Ha uma de duas posturas a assumir: a careta - sempre com a lagrima no canto do olho e a lamentacao como principal ocupacao - ou a activa - ser exactamente como eles (pelo menos aparentemente) e sorrir sempre, seguindo com um feeling positivo, afinal "pra frente e' que e' o caminho". Gosto de (e prefiro) acreditar que me enquadro no segundo grupo.
Todas ja nos sentimos pequenas e destrocadas, (quem nunca teve uma desilusao que atire a primeira pedra!) mas a vida nao espera por nos e nao me parece inteligente deixarmo-nos estar sempre um passo atras.
Ha que tirar o tempo suficiente para as lagrimas, para a dor, mas em silencio, sem que ninguem veja! No exterior estaremos sempre belas e radiosas, afinal, nao e' por eles que sorrimos, e' por nos! =)
Nos, com os nossos cabelos ondulados, a nossa pele bronzeada, os nossos saltos altos, os nossos pormenores, as nossas manias (que nos tornam unicas e "deliciosamente especiais", como diz alguem) somos e seremos sempre os mais belos exemplares da especie humana: pela nossa perspicacia e capacidade de aprender a cada erro e porque somos, efectivamente, lindas!
Que venham esses principes que so nos trazem complicacoes que mesmo assim sairemos sempre vencedoras e fortalecidas a cada final aparentemente catastrofico.
Mesmo quando o homem perfeito aparece e se escapa, ate ai sabemos tirar partido da uniao que antes existiu, quanto mais nao seja para reforcar e vincar uma amizade que nao pode ser atirada pela janela! Afinal o exemplar unico, sui generis, do sexo oposto foi encontrado, por mais que o fim nao seja o que esses fairy tales, ou essas comedias romanticas, com as quais nos bombardeiam, previam como o mais obvio.
Quando ele passa por nós e nos escapa... nao e' simples... mas nao ha muito a fazer... resta seguir em frente... e buscar um humilde sapo e molda-lo ate que se torne no nosso principe!
Afinal... nao existem principes, existem sapos!
Tocas as flores murchas que alguém te ofereceu quando o rio parou de correr e a noite
foi tão luminosa quanto a mota que falhou
a curva – e o serviço postal não funcionou
no dia seguinte

procuras ávido aquilo que o mar não devorou
e passas a língua na cola dos selos lambidos
por assassinos – e a tua mão segurando a faca
cujo gume possui a fatalidade do sangue contaminado
dos amantes ocasionais – nada a fazer

irás sozinho vida dentro
os braços estendidos como se entrasses na água
o corpo num arco de pedra simulando
a casa
onde me abrigo do mortal brilho do meio-dia


 

Al Berto