sexta-feira, 23 de setembro de 2011

tempo para viver (quando deve ser...)

Chegamos a determinado ponto em que um conflito entre actividades que nos dão um certo prazer e o conforto das manias que ganhamos ao longo dos anos se mostram de difícil compatibilidade.
Parecendo que não, aqui estou eu a iniciar o meu sexto ano na faculdade (god...) e, por mais que o meu modo de ser, tranquilo e despreocupado, me permita levar muitas coisas "na boa, sem stresses", a verdade é que o peso desta terceira idade no que diz respeito aos anos de faculdade se abate sobre mim. Há alturas em que ignoro e que vivo como se fosse um "semi-puto" feliz de capa traçada e pasta na mão já com saudades de ser praxada, em que dou por mim a sair em noites consecutivas, aparentemente cheia de energia, como alguém que está pela primeira vez fora da casa dos pais e quer aproveitar ao máximo a sensação de liberdade.

O que acontece, o que me custa é que por mais que tente negar e dizer que "estou um bocadinho mal-disposta" (...) "Não estou no meu melhor humor" (...) "Não se passa nada" a verdade é que cá dentro sinto-me já muito desgastada destas andanças e, por mais que a vontade de reacender a paixão pelo academismo seja grande, os pés cansados, as olheiras e a incapacidade para sair da cama para ir às aulas no dia seguinte denunciam a minha velhice no que a este ponto diz respeito. Continuo a tentar achar que é possível juntar-me às mais pequenotas e ignorar a diferença evidente que existe na nossa vivência, na nossa maneira de estar e construir algo que se possa dizer que valha a pena. Quando estamos ligados ao topo de uma determinada hierarquia mas a nossa posição devida é na base da pirâmide é (incrivelmente) difícil saber que postura adoptar.

Sinto-me um pouco como "feeling twenty two (three neste caso), acting seventeen". Gosto do projecto em que estou envolvida e sei que me vai, certamente, trazer variadíssimos momentos de diversão, convívio e mesmo felicidade. Mas odeio, odeio profundamente, ver-me quase que obrigada a aprender a fazer algo pelo qual sinto o mais profundo desdém e é, muitas vezes, nesses momentos em que penso "isto não é nada verdadeiramente sério, já não tens idade para te sujeitar a esta pressão se isso te incomoda". Não me considero particularmente trabalhadora mas sei que sou boa a organizar, a planear, a orientar; o problema que se coloca é, nada mais que, a minha posição actual, no projecto em causa, não me permitir dar uso às minhas melhores capacidades e "obrigar-me" a uma série de tarefas para as quais já não me sinto, minimamente, disponível, a minha paciência já não é capaz de as suportar, não porque considere que são injustas, inadequadas ou que as "instruções superiores" sejam, de algum modo, impensadas. Acontece simplesmente que o meu tempo para essas coisas já passou, já vivi, embora não com este grupo, todo este tipo de experiências, já senti as minhas revoltas, já tive os meu momentos de indignação, agora, o meu estado de espírito, o meu modo de ser já não me permite viver tudo isto com a mesma capacidade de aceitação.

A sensação que me fica e que grande parte do meu tempo já passou e que não vou a tempo de tentar recuperar coisas que devia ter vivido há 4 anos atrás...

How sad can that be?...