domingo, 8 de junho de 2008

Mata-me outra vez, ornatos violeta

"Fala-me um pouco mais,
Era tão bom ficar,
O mal é que eu já não sei quem eu sou,
Eu não sei se eu sou capaz,
De me ouvir.
Fala-me um pouco mais,
Era tão bom subir,
E dar o que eu nunca dei a ninguém.
Sei que é bom teu travo a tudo,
O que é mortal.
Já agora,
Mata-me outra vez.
Era tão bom direi,
Mata-me outra vez.
Era tão bom direi,
Mata-me outra vez.
Mata-me outra vez!
Tudo tem um fim,
E aqui não há,
Ninguém que possa ter o mundo,
Para dar.
Se um dia voltar,
Vai ser só mais uma forma,
De me ausentar,
Daquilo em que eu não,
Quero pensar.
Já tudo teve um fim,
Já que eu,
Estou por cá,
Eu digo como é fácil,
Para mim se já não dá.
Sei que é bom teu travo a tudo,
O que é mortal.
Já agora,
Mata-me outra vez.
Era tão bom direi,
Mata-me outra vez.
Era tão bom direi,
Mata-me outra vez.
Mata-me outra vez!
Páro de andar,
Páro p'ra te ouvir.
Páro para ver se é bom p'ra mim.
Se é melhor so que uma vida,
Tão só e prenha de ninguém.
E vejo que é bom dizer,
Páro p'ra te ouvir.
Mas foi só,
Para ver,
Se o futuro é para nós.
Para quem tem o mesmo mal de,
Não saber amar.
Falo que,
Pensar em mim,
É cura e faz-me acordar.
Ou dormir.
Fala-me um pouco mais,
Era tão bom subir,
E dar o que eu nunca dei a nimguém.
Sei que é bom teu travo a tudo,
O que é mortal.
Já agora,
Mata-me outra vez.
Era tão bom direi,
Mata-me outra vez.
Era tão bom direi,
Mata-me outra vez."

segunda-feira, 26 de maio de 2008

olhar para tras*

De repente olhamos para trás e já nada mais existe; já não há nada do amor, da paixão, do romance desenfreado; olhamos e tudo nos parece um passado longínquo, que deixa em nós um sorriso nostálgico, de saudade talvez; de repente olhamos para trás e tudo é lembrança, nada mais.
Olho para o que foi, o que vi, o que vivi e chego à conclusão de que já não recordo sequer como foi lembro o que quero lembrar... lembro os sorrisos, as loucuras.... Lembro desse amor que sentia, esqueço toda a dor.
Vejo-te e já nada sinto... tento perceber o que senti um dia, mas na lembrança ficou só a magia e tudo que era real desvaneceu-se, secou com as lágrimas, foi-se com o sentimento... que de tão grande deixou em mim um eterno suspiro, uma eterna busca de sentir de novo o que senti.
Dizem que cada pessoa que passa pela nossa vida, deixa connosco um pedacinho de si; creio que deixei em ti não um pedacinho, mas grande parte de mim... talvez por isso na construção de quem sou hoje me tenha tornado em alguém tão diferente. O que sou hoje quase nada tem daquilo que antes era! Porque contigo foi-se a pessoa que fui um dia!
E hoje, sou maior! Não me sinto no direito de dizer que sou melhor, seria presunção, não teria fundamento, seria despropositado! Sou diferente, sou um novo EU!
O que fui contigo não serei mais, nunca mais! Mas foi perder tudo o que deixei para trás que me ensinou como ser hoje, como viver, como ser feliz :)

sábado, 5 de abril de 2008

de criaturas despreziveis a homens das nossas vidas*

os homens sao, definitivamente, criaturas reles, despreziveis, surpeficiais, basicos, quase acreditaria q sao fabricados em serie... ainda assim... a vida com eles do nosso lado parece sempre melhor.
usam-nos e poem-nos de parte, passeiam o nosso lindo sorriso, os nossos fantasticos olhos, a nossa invejavel condiçao fisica, mostram-nos, exibem-nos como se fossemos um trofeu; mas, como com todos os galardoes, chega a altura em que ja nao faz mais sentido que os publicitemos, qual a soluçao? arranjar um novo trofeu! e o anterior? fica maravilhosamente bem colocado na prateleira!
e nos, parvas, patetas, ridiculas, sorrimos e acreditamos cegamente naquele carinho que nos parece sempre diferente do anterior, "é desta que acertei, é ele, é sem duvida 'one of a kind', vou ser feliz!". definitivamente o sexo feminino nasceu diminuido na sua capacidade de discernir quanto à integridade masculina(ou à falta dela!).
ainda assim, essa companhia, mesmo sendo falsa, dissimulada, faz-nos sorrir por uns tempos, andar loucas que nem pitas tontas irradiando felicidade porque o nosso "xuxu", o nosso "bebe" é mesmo especial, e é mesmo diferente de todos os outros.
porque nao ver os homens como objectos? nao seria, definitivamente, a melhor soluçao? mais eis que somos imediata e cruelmente abordadas, atacadas, castigadas pela sociedade "we're supposed to be ladies", angelicais, ingenuas, fieis, dedicadas, preferentemente submissas, doces, educadas... um sem fim de caracteristicas que fazem de nos marionetas, fazem com que estejamos enclausuradas dentro de nos mesmas, reprimindo o nosso id, usando e abusando do superego, uma vez apos outra.
ha sempre quem nao se preocupe, quem ponha de parte os preconceitos, os ideais retrogradas e decadentes, e viva, nada mais que isso! como sao vistos por quem esta de fora? como levianas, indecentes, como uma vergonha para a moral! mas... vergonha? nao vejo onde, como nem porquê!
somos nos as mais belas, as mais inteligentes, as mais desejadas e invejadas, somos nos a alegria e a vida! e sim "fazemos tudo aquilo que um homem pode fazer e de saltos altos!".
mas... sejamos realistas... é mesmo isso que queremos afinal? nao queremos um homem hoje, outro amanha e mais um e outro depois... queremos só ter o direito de procurar, de errar, de sofrer e encontrar o que queremos realmente, sem que nos recriminem, nada mais, nao me parece pedir em demasia.
dizem que somos complicadas... a verdade é que por vezes fazemos com que a simplicidade adquira contornos demasiado reboscados.
o que queremos afinal? simples: mimem-nos, desejem-nos, protejam-nos, amem-nos tendo como unico principio fundamental: a verdade. porque, definitivamente, o homem que queremos nao é o mais romantico, o mais bonito, o mais inteligente ou o mais desejado.
nao acredito em paixoes que surgem do dia para a noite, nem tao pouco em amores loucos que fazem com que façamos as maiores loucuras. acredito no sentimento que chega, dia a dia, que cresce com o convivio, com o crescer da confiança, com discussoes e atritos, com gritos, e expressoes de revolta que quase nos deixam sem voz.
acredito que o que conta nao sao as mensagens, os telefonemas, as supostas expressoes de paixao.
o homem que queremos é aquele que tem o dom da palavra e que quando fala o seu discurso flui leve e coerente... e quando nao fala o seu olhar e o seu abraço, em silencio preenchem todo o vazio que nos cerca.
se existe um homem das nossas vidas, ele sera, definitavemente, aquele que, para nós, sera proveniente de um fabrico exclusivo, para o qual olhamos um dia atras de outro e nao começamos a ver todas aquelas caracteristicas que vimos antes em todos os homens que tenham passado nas nossas vidas.
se ele existir sera (pelo menos para quem como eu)... o eloquente, o verdadeiro, o que sendo perverso e promiscuo é, ainda assim, delicado, o que entre na minha vida mais pacientemente e sem enganos, o que me faça ter, a cada dia, os pés no chao.
porque esse tal homem da nossa vida, essa pessoa certa "é o homem que nos puxa o lençol para os ombros a meio da noite"... é aquele que "como ja escolheu com quem quer passar o resto da vida (...) tem todo o tempo do mundo".
se existir um homem, um que nao se canse passado algum tempo, seja esse tempo mais ou menos longo; que nao nos queira so pelo que aparentamos mas sim pelo que somos; um que nao se apaixone mal nos vê, mas sim que esteja disposto a ir-se apaixonando aos poucos e poucos, e cada vez mais; um que seja mais que amigo e mais que amante.
o homem que leva o nosso coraçao, para sempre, é o que nos prova que "o todo é mais que a soma de todas as partes", ainda que individualmente as suas caracteristicas fizessem dele mais uma reles criatura com intençao de nos por na "prateleira".

olha-me de novo...

Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.

Hilda Hilst

domingo, 30 de março de 2008

*

“Imagina que te escrevo em voz baixa. Falamos sempre baixo quando queremos que acreditem nas nossas palavras. E tudo o que aqui escrevo é verdade.
Escrevemos porque ninguém ouve. Escrevo-te porque estás longe, numa cidade onde o nevoeiro roubou o ar ao sol e as pessoas pensam mais do que sentem. Se ao menos estivesses aqui ao meu lado, passava-te a mão pela nuca, puxava-te ligeiramente os caracóis e então tu fechavas os olhos de prazer e eu sentia-te próximo. Mas isso agora não é possível…”

MRP in Diario da tua Ausencia

sexta-feira, 21 de março de 2008

Afinal, Alvaro de Campos

Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.

Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidade eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,
E fora d'Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.

Cada alma é uma escada para Deus,
Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
Para Deus e em Deus com um sussurro soturno.

Sursum corda! Erguei as almas! Toda a Matéria é Espírito,

Porque Matéria e Espírito são apenas nomes confusos
Dados à grande sombra que ensopa o Exterior em sonho
E funde em Noite e Mistério o Universo Excessivo!
Sursum corda! Na noite acordo, o silêncio é grande,
As coisas, de braços cruzados sobre o peito, reparam

Com uma tristeza nobre para os meus olhos abertos
Que as vê como vagos vultos noturnos na noite negra.
Sursum corda! Acordo na noite e sinto-me diverso.
Todo o Mundo com a sua forma visível do costume
Jaz no fundo dum poço e faz um ruído confuso,

Escuto-o, e no meu coração um grande pasmo soluça.

Sursum corda! ó Terra, jardim suspenso, berço
Que embala a Alma dispersa da humanidade sucessiva!
Mãe verde e florida todos os anos recente,
Todos os anos vernal, estival, outonal, hiemal,
Todos os anos celebrando às mancheias as festas de Adônis
Num rito anterior a todas as significações,
Num grande culto em tumulto pelas montanhas e os vales!
Grande coração pulsando no peito nu dos vulcões,
Grande voz acordando em cataratas e mares,
Grande bacante ébria do Movimento e da Mudança,
Em cio de vegetação e florescência rompendo
Teu próprio corpo de terra e rochas, teu corpo submisso
A tua própria vontade transtornadora e eterna!
Mãe carinhosa e unânime dos ventos, dos mares, dos prados,
Vertiginosa mãe dos vendavais e ciclones,
Mãe caprichosa que faz vegetar e secar,
Que perturba as próprias estações e confunde
Num beijo imaterial os sóis e as chuvas e os ventos!

Sursum corda! Reparo para ti e todo eu sou um hino!
Tudo em mim como um satélite da tua dinâmica intima
Volteia serpenteando, ficando como um anel
Nevoento, de sensações reminescidas e vagas,
Em torno ao teu vulto interno, túrgido e fervoroso.
Ocupa de toda a tua força e de todo o teu poder quente
Meu coração a ti aberto!
Como uma espada traspassando meu ser erguido e extático,
Intersecciona com meu sangue, com a minha pele e os meus nervos,
Teu movimento contínuo, contíguo a ti própria sempre,

Sou um monte confuso de forças cheias de infinito
Tendendo em todas as direções para todos os lados do espaço,
A Vida, essa coisa enorme, é que prende tudo e tudo une
E faz com que todas as forças que raivam dentro de mim
Não passem de mim, nem quebrem meu ser, não partam meu corpo,
Não me arremessem, como uma bomba de Espírito que estoira
Em sangue e carne e alma espiritualizados para entre as estrelas,
Para além dos sóis de outros sistemas e dos astros remotos.

Tudo o que há dentro de mim tende a voltar a ser tudo.
Tudo o que há dentro de mim tende a despejar-me no chão,
No vasto chão supremo que não está em cima nem embaixo
Mas sob as estrelas e os sóis, sob as almas e os corpos
Por uma oblíqua posse dos nossos sentidos intelectuais.

Sou uma chama ascendendo, mas ascendo para baixo e para cima,
Ascendo para todos os lados ao mesmo tempo, sou um globo
De chamas explosivas buscando Deus e queimando
A crosta dos meus sentidos, o muro da minha lógica,
A minha inteligência limitadora e gelada.

Sou uma grande máquina movida por grandes correias
De que só vejo a parte que pega nos meus tambores,
O resto vai para além dos astros, passa para além dos sóis,
E nunca parece chegar ao tambor donde parte ...

Meu corpo é um centro dum volante estupendo e infinito
Em marcha sempre vertiginosamente em torno de si,
Cruzando-se em todas as direções com outros volantes,
Que se entrepenetram e misturam, porque isto não é no espaço
Mas não sei onde espacial de uma outra maneira-Deus.

Dentro de mim estão presos e atados ao chao
Todos os movimentos que compõem o universo,
A fúria minuciosa e dos átomos,
A fúria de todas as chamas, a raiva de todos os ventos,
A espuma furiosa de todos os rios, que se precipitam,

A chuva com pedras atiradas de catapultas
De enormes exércitos de anões escondidos no céu.

Sou um formidável dinamismo obrigado ao equilíbrio
De estar dentro do meu corpo, de não transbordar da minh'alma.
Ruge, estoira, vence, quebra, estrondeia, sacode,
Freme, treme, espuma, venta, viola, explode,
Perde-te, transcende-te, circunda-te, vive-te, rompe e foge,
Sê com todo o meu corpo todo o universo e a vida,
Arde com todo o meu ser todos os lumes e luzes,
Risca com toda a minha alma todos os relâmpagos e fogos,
Sobrevive-me em minha vida em todas as direções!

sábado, 8 de março de 2008

a vida, tal como ela é

cansei... de frases soltas, palavras perdidas, de tentar explicar um pseudo sofrimento sem fim!
chega! viver é lindo, verdadeiramente maravilhoso. porque, para quê continuar a inventar magoas so para ter um lamento, um tema de conversa?
é ridiculo, faz-me sentir realmente desinteressante, sinto que estou a nada mais, nada menos do que atirar o meu precioso tempo pela janela (de um 29º andar!).
este mundinho reles, pequeno, insuficiente como lhe chamamos tem tanto que pode fazer de mim a pessoa mais feliz à sua face! musica, cinema, alegria! se quero amor? bah, sim, claro que sim! mas ele vem a seu tempo, vem sempre e, certamente que procurar nao vai fazer com que o encontre, so leva a novos caminhos sem saida, e la andamos nos a voltar para tras, que nem baratas tontas, tornamo-nos criaturas sem rumo, e nao, nao quero isso para mim!
nasci para ser grande e ser feliz! mereço, valho a pena! gosto de mim assim: com a minha mania, e as minhas piadas ditas por vezes na hora errada! mais crescida que antes, mas sem nunca abandonar o toque, o sabor apurado, apimentado do meu discurso.
esta na hora de acabar com as lamentações as palavras derrotistas, as tardes sofridas a olhar o nada, a contemplar um horizonte que parece so poder trazer tristeza!
a vida é o que é... a mim, a nós, cabe-nos viver!

sexta-feira, 7 de março de 2008

só nós dois*

so nos dois é q sabemos
o quanto nos queremos bem
so nos dois é q sabemos,
so nos dois e mais ninguem
so nos dois compreendemos
este amor triste e profundo
quando o amor acontece,
nao pede licença ao mundo
anda abraça-me beija-me
encosta o teu peito ao meu
esquece o que vai na rua,
vem ser minha eu serei teu
q falem nao nos interessa
o mundo nao nos importa
o nosso mundo começa,
dentro da nossa porta
so nos dois compreendemos
o calor dos nossos beijos
so nos dois é q sofremos
as tortutas e os desejos
vamos viver o presente
tal qual a vida nos da
o que reserva o futuro
so deus sabe o que sera
anda, abraça-me beija-me
encosta o teu peito ao meu
esquece o que vai na rua
vem ser minha eu serei teu
que falem nao nos interessa
o mundo nao nos importa
o nosso mundo começa
dentro da nossa porta
que falem nao nos interessa
o mundo nao nos importa
o nosso mundo começa
dentro da nossa porta

"os teus feitos são mortais, mas os pecados, esses são só teus. e meus, se tu quiseres"

sábado, 23 de fevereiro de 2008

O Louco . . .

"Quiseste que eu fosse louco
P'ra que te amasse melhor
Mas amaste-me tão pouco
Que eu fiquei louco de amor
Assim arrasto a loucura
Perguntando a toda a gente
Se do amor, a tontura
Um louco tambem a sente
E se quiseres amar
Esta loucura mulher
Dá-me apenas um olhar
Que me faça endoidecer
Dá-me um olhar mesmo triste
Pois só nesta condição
Dou-te a loucura que existe
Dentro do meu coração
O lenço que me ofertaste
Tinha um coração no meio
Quando ao nosso amor faltaste
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o.
O lenço que me ofertaste
Com o meu coração no meio
Quando ao nosso amor faltaste
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o
Ainda me lembro esse lenço
Vindo do teu seio túmido
Escondi-o ainda húmido
No peito com fogo intenso
Esse acaso, hoje penso
Qual infantil receio,
Muito orgulhoso guardei-o
Lamento a minha loucura
Porque esse lenço o perjura
Tinha um coração no meio
Esse coração bordado
Por triste sina era o meu
E por isso ele morreu
Quando o lenço foi rasgado
Foi-se a chama do passado
Pois em cinzas sepultaste
Este amor que atraiçoaste
O que serve a dor incalma
Vesti de luto a minh’alma
Quando ao nosso amor faltaste
Beijos, sorrisos e afagos
Me deste. Hei-de esquecê-los
Pois os teus doces desvelos
Com meus beijos foram pagos
Teus olhos eram dois lagos
Lascivio era o teu seio
Foi tudo efémero enleio
Breve e fugaz ilusão
Magoaste-me o coração
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o"

(Henrique Rêgo / Alfredo Marceneiro)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O Jogo, Tiago Bettencourt

Mais um dia em vão no jogo em que ninguém ganhou
Dá mais cartas, baixa a luz e vem esquecer o amor
És tu quem quer
Sou eu quem não quer ver que o tudo é tão maior
Aqui está frio demais para apostar em mim.

Vê que a noite pode ser tão pouco como nós
Neste quarto o tempo é medo e o medo faz-nos sós
És tu quem quer
Mas eu só sei ver que o tempo já passou e eu fugi
Que aqui está frio demais para me sentir... mas queres
ficar?

Queres levar
Tudo o que é meu
É tudo o que eu
Não sei largar

Vem rasgar o escuro desta chuva que sujou!
Vem que a água vai lavar o que me dói!
Vem que nem o último a cair vai perder.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

:)

Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E aprendes que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começas a aceitar as tuas derrotas com a cabeça erguida e os olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

E aprendes a construir todas as tuas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair no meio do vão. Depois de um tempo aprendes que o sol queima se ficar exposto muito tempo. E aprendes que não importa o quanto te importas, algumas pessoas simplesmente não se importam... e aceitas que não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai magoar-te e tu tens de perdoá-la por isso!

Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais. Descobres que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que Tu podes fazer coisas num instante, das quais te arrependerás pelo resto da vida. Aprendes que as verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distancia. Aprendes que o que importa não é o que tens na vida, mas o que TU és na vida! E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprendes que não tens que mudar de amigos se compreenderes que os amigos mudam, percebes que o teu amigo e TU podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobres que as pessoas com que mais te importas na vida são tomadas de ti muito depressa, por isso devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pois pode ser a ultima vez que a vemos. Aprendes que as circunstancias e os ambientes têm influência sobre nós próprios. Começas a aprender que não te deves comparar com os outros, mas com o melhor que tu mesmo podes ser. Descobres que levas muito tempo a tornares-te na pessoa que queres e que o tempo é curto. Aprendes que não importa onde já chegaste, mas onde vais, mas se tu controlas os teus actos ou eles te controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprendes que heróis são aqueles que sempre fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências. Aprendes que paciência requer muita prática. Descobres que algumas vezes a pessoa que esperas que te calque quando cais é umas das poucas que te ajudam a levantar.
Aprendes que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que tiveste e que aprendeste com elas do que com quantos aniversários celebraste. Aprendes que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são tolices, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar, mas isso não te dá o direito de seres cruel!

Descobres que só porque alguém não te ama da maneira que queres que te ame, não significa que essa pessoa não te ame, pois existem pessoas que nos amam, mas não sabem como demonstrar isso. Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém... algumas vezes tens de aprender a perdoar-te a ti mesmo! Aprendes com a mesma severidade com que julgas, serás em algum momento condenado. Aprendes que não importa em quantos pedaços o teu coração foi partido, o mundo não pára para que o concertes. Aprendes que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto, planta o teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperares que alguém te traga flores.

E aprendes que realmente podes suportar... que realmente és forte! E que podes ir muito mais longe depois de pensares que não podes mais... e que realmente a nossa vida tem valor e que tu tens valor diante da vida! As nossas dúvidas são traidoras e fazem-nos perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar.

William shakespeare

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Metade

Que a forca do medo que tenho nao me impeca de ver o que anseio, que a morte de tudo em que acredito nao me tape os ouvidos e a boca, pois metade de mim e o que eu grito mas a outra metade e silencio. Que a musica que ouco ao longe seja linda ainda que tristeza, que a mulher que eu amo seja pra sempre amada mesmo que distante, porque metade de mim e partida mas a outra metade e saudade. Que as palavras que falo nao sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a unica coisa que resta a um homem inundado de sentimento porque metade de mim e o que ouco mas a outra metade e o que calo. Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereco, que essa tensao que me corroi por dentro seja um dia recompensada, porque metade de mim e o que penso e a outra metade um vulcao. Que o medo da solidao se afaste e que o convivio comigo mesmo se torne ao menos suportavel, que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que me lembro ter dado na infancia, porque metade de mim e a lembranca do que fui e a outra metade nao sei. Que nao seja preciso mais que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espirito e que o teu silencio me fale cada vez mais porque metade de mim e abrigo mas a outra metade e cansaco. Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela nao saiba e que ninguem a tente complicar porque e preciso simplicidade pra faze-la florescer, porque metade de mim e plateia e a outra metade e a cancao. E que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim e amor..... e a outra metade tambem....

Oswaldo Montenegro

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Deixa-me Rir, Jorge Palma

Deixa-me rir
Essa história não é tua
Falas da festa, do Sol e do prazer
Mas nunca aceitaste o convite
Tens medo de te dar
E não é teu o que queres vender

Deixa-me rir
Tu nunca lambeste uma lágrima
Desconheces os cambiantes do seu sabor
Nunca seguiste a sua pista
Do regaço à nascente
Não me venhas falar de amor

Pois é , pois é
Há quem viva escondido a vida inteira
Domingo sabe de cor
O que vai dizer Segunda-Feira

Deixa-me rir
Tu nunca auscultaste esse engenho
De que que falas com tanto apreço
Esse curioso alambique
Onde são destilados
Noite e dia o choro e o riso

Deixa-me rir
Ou então deixa-me entrar em ti
Ser o teu mestre só por um instante
Iluminar o teu refúgio
Aquecer-te essas mãos
Rasgar-te a máscara sufocante

Pois é, pois é
Há quem viva escondido a vida inteira
Domingo sabe de cor
O que vai dizer Segunda-Feira

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Island Blues, Koop

Hello my love
It's getting cold on this island
I'm sad alone
I'm so sad on my own
The truth is
We were much too young
Now I'm looking for you
Or anyone like you

We said goodbye
With the smile on our faces
Now you're alone
You're so sad on your own
The truth is
We run out of time
Now you're looking for me
Or anyone like me

Na na na naaa

Hello my love
It's getting cold on this island
I'm sad alone
I'm so sad on my own
The truth is
We were much too young
Now I'm looking for you
Or anyone like you

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

sorriso :)

sorrir é uma arte! Já o disseram, repetiram, confirmaram, foi já comprovado até à exaustao.
manifestação da alma, do estado de espirito, de felicidade, de complacencia... manifestação involuntaria, voluntaria, forçada, cinica ou o simples sorriso pateta no rosto de quem está, verdadeiramente, feliz.
sorrir é manifestar claramente, sem margem para duvidas, o sentimento que esta dentro de nos, que tanto queremos expressar, traduzir em palavras, mas o engenho nao nos permite que o façamos.
sorrimos... simplesmente porque é bom sorrir! porque nos liberta e nos faz sentir mais leves, porque alivia a tensao, e faz qualquer dor parecer mais pequena.
sorrir... é oferecer o que temos de melhor, é partilhar abertamente, sem restrições nem egoismos o que ha em nos que realmente vale a pena dar.
eu?... sim, sorrio! porque me faz sentir maior... e melhor! sorrio porque a vida é, efectivamente, bela... e quem diz o contrario olha o mundo com o olhar sisudo de quem nao tem mais esperança.
um sorriso vale, mesmo, mais que mil palavras... e diz tudo o que pretendo quando estou demasiado embasbacada para conseguir falar.
e por isso, pelo readquirir de tao nobre capacidade , fica um sincero sorriso :)

Seu Jorge, Cuidar de Mim

Minha cabeça bem confusa
Só de ver ela passar
Só de ver ela sem mim
Ainda usa a mesma blusa
Com o broche que eu lhe dei
Combinando com o colar

Eu fico imaginando coisas
Me pego imaginando coisas
Eu fico imaginando coisas
Me pego imaginando coisas

Lembranças de um tempo bom
Que a gente se amava em paz
Que pena que eu vacilei
Agora que não dá mais
Você não me deu perdão
Não tem problema
Espero que esteja bem
Feliz como eu fui feliz
O tempo é quem vai dizer
A vida quem quis assim
Não sou capaz de entender
Como saí de cena
Não dá pra mim
Eu vou voar
Melhor assim

:)