sexta-feira, 24 de maio de 2013


"Eu sei que algures, mais adiante na minha vida, hei-de encontrar quem esteja em casa à minha espera quando eu chegar. Sim, eu sei, está escrito, é sempre assim. Mas era agora que eu queria não sentir este vazio, não te sentir tão distante, tão longe do deserto. Queria só dar um sentido à nossa viagem. Já sei, já sei que nada dura para sempre - só as montanhas e os rios, meu sábio. Mas o que fomos nós um para o outro: apenas companheiros ocasionais de viagem? Com o tempo contado, com tudo previamente estabelecido e com prazo de validade previsto à partida? Foi só isso, diz-me, foi só isso o nosso encontro? Não ficou mais nada lá atrás, não deixámos nada de nós os dois no deserto que atravessamos?"

No Teu Deserto, Miguel Sousa Tavares

sábado, 20 de abril de 2013

domingo, 31 de março de 2013

Sobre a persistência da memória...

Lembro-me tão bem de como tudo aconteceu, todo o processo desde as birras e brincadeiras infantis em plena época de exames, a implicância própria de quando há interesse, as conversas e a troca constante de mensagens... até darmos a mão pela primeira vez, o primeiro beijo meio escondido numa noite de ribeira e de irmos deliberadamente em tempos separados para um jantar para que não se percebesse que "estávamos juntos". Lembro-me disso e da maneira como aos poucos nos tornamos para muitos uma espécie de "casal modelo", porque era bonito aquilo que existia entre nós. Lembro-me de como foi sentir e dizer "Amo-te" pela primeira vez, sem nunca antes o ter dito a ninguém, e lembro-me como acreditei que aquilo que tínhamos ia durar para sempre.
E hoje, passados 4 anos da primeira vez que acordei ao teu lado, recordo tudo, tudo com um sorriso e com a certeza que nada do que de mal aconteceu vai destruir as memórias que guardo em mim.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Sobre o reencontro...

O teu cabelo desalinhado e o teu sorriso sincero no momento em que os nossos olhares se cruzaram. O abraço apertado. O primeiro beijo depois de todo este tempo... Lembrou-me a maneira como tremeliquei a primeira vez que os nossos lábios se tocaram, mas se dessa vez quase quis fugir por não saber o que estava ali a acontecer, agora só queria prolongar aquele momento o tempo suficiente para perceber que sim, era real. Ter-te comigo é tão real e o sentimento que me vem cá dentro parece-me tão, tão real...
Tento não levantar demasiado os meus pés do chão, não usar rótulos, não dar nomes às coisas e viver as situações um dia de cada vez... Mas sentir a tua pele e ouvir-te suspirar, enquanto me olhas nos olhos, "Eu gosto tanto de ti"... Faz-me apenas pensar que sim, também eu gosto tanto, tanto de ti...

quarta-feira, 27 de março de 2013

Sobre a ansiedade

Ansiedade

1) estado de perturbação psicológica causado pela percepção de um perigo ou pela iminência de um acontecimento desagradável ou que se receia; opressão; angústia
2) desejo veemente 
3) incerteza aflitiva 
4) impaciência
(Do latim anxietāte-, «disposição para a inquietação»)

ansiedade In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-03-27].
Disponível na www: http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/ansiedade
>.

(do latim anxietãte, disposição para a inquietação)

Não sei se poderei chamar ansiedade a isto que vai dentro de mim... Sei que lhe posso chamar saudade, expectativa, apreensão. Medo. 
Esta minha tendência para o "over thinking" não me deixa simplesmente desfrutar da perspectiva do reencontro...
Dou por mim a pensar em tudo o que se passou desde o dia em que te beijei na face, te olhei e me levantei com a visão já levemente turvada, fechei a porta e senti as lágrimas escorrerem-me pelo rosto. Tanta coisa aconteceu desde aí, tanta dor, arrependimento e promessas de que tudo vai valer a pena e que vamos construir algo maior e melhor.
Chega agora o dia em que vou voltar a ver-te, poder abraçar-te, num abraço apertado e dizer-te o quanto senti a tua falta e o quanto quis que pudesses estar ao meu lado enquanto tenho estado a atravessar este caos... Vou poder olhar-te nos olhos e tentar esquecer todo o sofrimento que me tem acompanhado desde que voltei, olhar nos teus olhos e tentar simplesmente não pensar em nada... pela primeira vez, desde que fechei aquela porta, poder esvaziar a minha mente, enroscar-me em ti, aninhar-me ao teu lado e poder adormecer a falar de nada e de tudo.
Mas esta tendência em mim, este núcleo do meu cérebro não me autoriza a pensar apenas que vai ser maravilhoso, obriga-me a auto infligir-me este pânico, este receio louco e, muito provavelmente, infundado de que tudo vai ser estranho e que não sei se vou ser capaz de ultrapassar essa estranheza.
Tento concentrar-me na saudade, na expectativa. Vou tentar adormecer e pensar que amanhã, por esta hora, tudo vai ser melhor, muito melhor!
Quero acreditar que o momento em que chegues e atravesses a porta, caminhes na minha direcção e me toques novamente será o encerrar deste ciclo de "ansiedade", para que a saudade possa ser apenas isso, saudade! E que o medo se torne apenas em expectativa... e que a expectativa se torne realidade.

segunda-feira, 18 de março de 2013

How is Your Life Today?



The letters pile up in the hallway
Junk mail and bills from the catalogues
And the neighbours have guessed 'cos I've cancelled the milk
And they don't hear your voice through the walls anymore

How is your life today ?

I was kissed on the cheek by a cold mouth
While the taxi was waiting like a getaway car
Each second seems like a lifetime
And the cat it's been staring at me all this time

How is your life today ? 


sábado, 16 de março de 2013

Too young too dumb to realize...

 Às vezes estas coisas pirosas conseguem dizer-nos qualquer coisa...
Esqueçamos a voz esganiçada e pronto, concentremo-nos no que diz o rapaz.

Same bed but it feels just
A little bit bigger now
Our song on the radio
But it don't sound the same
When our friends talk about you
All it does is just tear me down
Cause my heart breaks a little
When I hear your name
It all just sounds like (oooooh)
Mmm too young too dumb to realize
That I should've bought you flowers
And held your hand
Should've gave you all my hours
When I had the chance
Take you to every party
Cause all you wanted to do was dance
Now my baby is dancing
But she's dancing with another man
My pride, my ego, my needs and my selfish ways
Cause the good strong woman like you to walk out my life
Now I'll never never get to clean up the mess I made
Ooh and it haunts me every time I close my eyes
It all just sounds like (oooooh)
Mmm too young too dumb to realize
That I should've bought you flowers
And held your hand
Should've gave you all my hours
When I had the chance
Take you to every party
Cause all you wanted to do was dance
Now my baby is dancing
But she's dancing with another man
Although it hurts
I'll be the first to say
That I was wrong
Oh I know i'm probably much too late
To trying apologize for my mistakes
But I just want you to know
I hope he buys you flowers
I hope he holds your hand
Give you all his hours
When he has the chance
Take you to every party
Cause I remember how much
You love to dance
Do all the things I should've done
When I was your man
Do all the things I should've done
When I was your man

sexta-feira, 15 de março de 2013

Sobre a saudade


Hoje senti a tua falta.
Não pela primeira vez certamente, mas de uma maneira que se abateu particularmente sobre mim, uma percepção dolorosa de que talvez as coisas não voltem nunca a ser aquilo que deviam ser.
Hoje dei por mim a pensar no quanto eras e és especial para mim, no quanto admiro a tua personalidade, a tua maneira de ser, mesmo que com as diferenças que se revelaram incomportáveis, és tu, tão simplesmente tu e eu gosto da pessoa que tu és. Gosto da tua maneira de estar, de falar e de te expressares, gosto da tua companhia, de conversar e de partilhar ideias, de falar sobre a música terrível que passa na rádio e sobre os filmes que deviam ou não ter ganho os óscares, de falar sobre o prato maravilhoso que comi ali ou acolá e de te dizer que tens que ver uma tal série nova.
Perguntaram-me "Tens saudades dele?" e eu respondi, sem hesitar, "Sim, claro que sim". Por mais que o sentimento se tenha mutado, há um carinho e uma preocupação que não abandonam o meu peito, o meu coração, não quero sequer tentar evitar isso, porque pensar em ti é pensar em algo maravilhoso que aconteceu na minha vida. A lembrança do nosso tempo será sempre para mim um motivo para me colocar um sorriso no rosto, um conjunto de recordações deliciosas que marcou, como te disse, a transição de "adolescentes grandes" para verdadeiros adultos, gente crescida, gente a sério.
Hoje senti a tua falta... Senti essa falta e lamentei, talvez mais profundamente que nunca, os caminhos que segui no fim do nosso tempo, um lamento que já não assumiu em mim a forma de desespero e raiva, mas sim apenas uma tristeza profunda e desalento, a constatação de que as acções têm, por vezes, consequências irremediáveis e que as minhas resultaram em tudo o que sempre desejei que não acontecesse.
Mais que em qualquer outro dia, hoje senti que queria pegar no telefone e enviar uma mensagem "Vou ao Porto, vamos tomar café?"... Mas sei que não o posso fazer, pelo menos não agora, não para já. Mas será que algum dia o poderei fazer? Será? Será que algum dia vou poder recuperar a tua amizade e a tua presença na minha vida?... Fiz tanto mal por medo de perder essa presença, por achar que não era capaz de imaginar os meus dias sem estares lá, fosse de que maneira fosse, mas eras um elemento demasiado fulcral, demasiado importante e lá me deixei levar de maneira tão estúpida e impensada, irreflectida...
Quis acreditar que não te ter como namorado não significava não te ter por perto e, na verdade, talvez não significasse, mas consegui fazer com que assim fosse. E agora tenho dias assim, em que alguma coisa me lembra de ti e invoca aquela reacção que se tornou como que um reflexo primitivo em mim de "Tenho que lhe dizer isto" e paro e percebo que isso não vai acontecer, não vou poder simplesmente partilhar esse pensamento contigo.
Hoje estou bem, feliz, tenho perspectivas para o meu futuro e anseio entrar numa nova etapa da minha vida. Não estou sozinha ou abandonada, não tenho medo do que aí vem, acredito que tudo vai correr pelo melhor e que tenho onde me agarrar e segurar para ir em frente com um sorriso. Mas, ainda assim, hoje, hoje senti a tua falta! Senti a tua falta de uma maneira que se pode dizer inocente, a falta do amigo, hoje ansiei poder chegar ao café e ver-te entre o meu grupo e falar contigo como falo com as pessoas que são mais importantes para mim.
Eu sigo a minha vida e tu a tua, em caminhos divergentes, separados, mas retenho em mim a esperança de que uma assimptota comum nos faça aproximar no futuro, em caminhos paralelos, próximos, cada um na sua própria via... um momento no tempo que nos permita a convivência saudável, que nos permita a conversa e a partilha de ideias, que nos permita que a presença do outro não provoque uma sensação de estranheza, um caminho que me permita saber que vou estar por perto, pegar no telemóvel e enviar a mensagem "vamos tomar um café?".

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013


Preferia não me sentir no direito de estar revoltada com as tuas atitudes, porque isso significava que estavas a ser capaz se enfrentar as coisas “pelo melhor” e, em boa verdade, a ser a pessoa que eu achava que ias ser. Sempre admirei a maneira como preservas a tua intimidade, a maneira como tinhas o teu espaço e não fazias questão de andar a espalhar ao mundo aquilo que se passava contigo. Houve momentos em que quis que mostrasses até um pouco mais, que fosses capaz de expressar aquilo que te ia na alma à multidão, dizer que me amavas em voz alta, para toda a gente ouvir, houve vezes em que quase achei que guardavas demasiado para ti.
Ver­‐te agora assim, desse modo, a dar a conhecer ao mundo pormenores tão pequenos, tão íntimos, coisas que te pertencem, que te deviam pertencer, apenas a ti e àqueles que são da tua maior confiança... deixa‐me desolada! No meio de tudo isto, preferia ser apenas eu a má da fita, preferia ser eu a única a desiludir, a provocar o caos, isso significava que ias ser para mim algo para sempre intocado, alguém que eu ia recordar apenas com carinho, com uma sensação de aperto no peito e um arrependimento profundo pelo que te fiz passar.
Passo pelas nossas fotos e sinto frio na barriga, choro porque sei que destruí para ti todas essas recordações, destruí toda e qualquer possibilidade de as coisas virem a ser como poderiam ter sido se eu não me tivesse rendido à minha covardia. Nesses momentos, sinto-­‐me incapaz de olhar no espelho, ver a minha cara, ver a cara de alguém que foi capaz de fazer tão mal... E agora pergunto, porquê??? Porque é que estás a ser uma pessoa que eu achava que não ias ser? Porquê? Apetece‐me gritar “Não faças isso, para! Não vês que isso não é quem tu és”... Tenho a sensação de que foi suficiente que eu tenha fugido do meu trilho, seguido por caminhos que desconhecia e que achei que nunca iria seguir, não vás agora tu por esse caminho de procura de pena, procura de pessoas do teu lado, as pessoas só podem estar do teu lado! Então porquê?? Por que te expões dessa maneira, para quê? Não vês que não faz sentido? Não vês que isso só te deixa numa posição de ser humano desprotegido e que deve ser tratado como um elemento frágil que pode quebrar a qualquer momento, deixa­‐te na posição de ser humano coitadinho, que foi maltratado, humilhado e ultrajado. E volto a perguntar, para quê? Precisas realmente disso? Precisas que as pessoas saibam ao que foste sujeito, a cada pormenor vil que te fiz passar? E quando quiseres sair à rua de cabeça levantada e já fores capaz de meter o pé convictamente na memória do que fui para ti, as pessoas vão continuar a saber, a lembrar­‐se do que passaste, do horror que vivenciaste e quando quiseres não pensar no assunto vais ter quem te pergunte por ele e quando o tiveres esquecido vais ter quem to recorde e quando já ninguém te perguntar todos vão continuar a saber e, talvez aí, te questiones sobre o “para quê???”, de que te valeu a pena? Diz­‐me sinceramente de que vale isto?
Não preciso de quem me julgue para nada, o julgamento dos outros não me faz sentir em nada pior do que o meu próprio julgamento. Ver‐te olhar para mim como olhaste, questionar-­me como questionaste, foi, por si, mais do que suficiente para cair em mim, perceber o que tinha sido, o que tinha feito, a minha consciência pesa, pesa tanto que me custa levantar a cabeça. Não é o que os outros me venham dizer que me vai deixar assim tão pior. O único respeito que queria ter mantido perdi‐o irreversivelmente: o teu respeito por mim, esse não tem por onde regressar, não conhece o caminho de regresso, creio que as pontes que existiam para ele voltar foram completamente destruídas. As pontes, todas as pontes que criei até ti, senti‐as caírem, uma por uma, nos minutos em que falamos.
Destruí tudo o que tivemos por não ter sido capaz de confrontar a inevitabilidade do fim com coragem, não fui capaz de falar contigo, de ser sincera, não fui capaz de criar o terreno para que as coisas pudessem terminar bem... Antes deixei­‐me andar, fui caminhando com o meu medo, o meu pânico e, sem dar conta, caí abruptamente no precipício, sem volta a dar, sem caminho de retorno. Fui a pessoa que sempre jurei a mim mesma que nunca seria. Agora peço‐te apenas que não sejas tu, também, uma pessoa que não és, porque isso não te vai trazer nada de bom, apenas dor.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Sobre a paixão e a dedicação

Tenho para mim que me apaixono sempre demasiado. É um facto, não sei apaixonar-me só mais ou menos. Entrego-me por completo, não sei prender os pés no chão, deixar o cérebro no controlo e viver um dia de cada vez.
Penso demais, planeio demais, tenho sonhos demais. Pinto na minha cabeça um sonho colorido, belo, repleto de luz. Não sei por que sou assim, que nervos surgem dentro de mim por ser desta maneira. Porquê? Por que raio tenho que ser tão apaixonada, tão intempestiva, tão sofredora? Acho que sou demasiado mulher, talvez seja isso. Amor, amor sem sofrimento não é amor, não vale a pena, não faz sentido. E depois? Depois as dúvidas, as incertezas que não sei se partem da minha loucura ou se fazem sentido, que não sei se são fruto da minha exigência ou se têm motivo de ser.

Apaixonada demais... um estado patológico de estupidez subaguda, no caso em particular, com tendência à cronicidade