sábado, 23 de fevereiro de 2008

O Louco . . .

"Quiseste que eu fosse louco
P'ra que te amasse melhor
Mas amaste-me tão pouco
Que eu fiquei louco de amor
Assim arrasto a loucura
Perguntando a toda a gente
Se do amor, a tontura
Um louco tambem a sente
E se quiseres amar
Esta loucura mulher
Dá-me apenas um olhar
Que me faça endoidecer
Dá-me um olhar mesmo triste
Pois só nesta condição
Dou-te a loucura que existe
Dentro do meu coração
O lenço que me ofertaste
Tinha um coração no meio
Quando ao nosso amor faltaste
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o.
O lenço que me ofertaste
Com o meu coração no meio
Quando ao nosso amor faltaste
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o
Ainda me lembro esse lenço
Vindo do teu seio túmido
Escondi-o ainda húmido
No peito com fogo intenso
Esse acaso, hoje penso
Qual infantil receio,
Muito orgulhoso guardei-o
Lamento a minha loucura
Porque esse lenço o perjura
Tinha um coração no meio
Esse coração bordado
Por triste sina era o meu
E por isso ele morreu
Quando o lenço foi rasgado
Foi-se a chama do passado
Pois em cinzas sepultaste
Este amor que atraiçoaste
O que serve a dor incalma
Vesti de luto a minh’alma
Quando ao nosso amor faltaste
Beijos, sorrisos e afagos
Me deste. Hei-de esquecê-los
Pois os teus doces desvelos
Com meus beijos foram pagos
Teus olhos eram dois lagos
Lascivio era o teu seio
Foi tudo efémero enleio
Breve e fugaz ilusão
Magoaste-me o coração
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o"

(Henrique Rêgo / Alfredo Marceneiro)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O Jogo, Tiago Bettencourt

Mais um dia em vão no jogo em que ninguém ganhou
Dá mais cartas, baixa a luz e vem esquecer o amor
És tu quem quer
Sou eu quem não quer ver que o tudo é tão maior
Aqui está frio demais para apostar em mim.

Vê que a noite pode ser tão pouco como nós
Neste quarto o tempo é medo e o medo faz-nos sós
És tu quem quer
Mas eu só sei ver que o tempo já passou e eu fugi
Que aqui está frio demais para me sentir... mas queres
ficar?

Queres levar
Tudo o que é meu
É tudo o que eu
Não sei largar

Vem rasgar o escuro desta chuva que sujou!
Vem que a água vai lavar o que me dói!
Vem que nem o último a cair vai perder.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

:)

Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E aprendes que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começas a aceitar as tuas derrotas com a cabeça erguida e os olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

E aprendes a construir todas as tuas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair no meio do vão. Depois de um tempo aprendes que o sol queima se ficar exposto muito tempo. E aprendes que não importa o quanto te importas, algumas pessoas simplesmente não se importam... e aceitas que não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai magoar-te e tu tens de perdoá-la por isso!

Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais. Descobres que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que Tu podes fazer coisas num instante, das quais te arrependerás pelo resto da vida. Aprendes que as verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distancia. Aprendes que o que importa não é o que tens na vida, mas o que TU és na vida! E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprendes que não tens que mudar de amigos se compreenderes que os amigos mudam, percebes que o teu amigo e TU podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobres que as pessoas com que mais te importas na vida são tomadas de ti muito depressa, por isso devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pois pode ser a ultima vez que a vemos. Aprendes que as circunstancias e os ambientes têm influência sobre nós próprios. Começas a aprender que não te deves comparar com os outros, mas com o melhor que tu mesmo podes ser. Descobres que levas muito tempo a tornares-te na pessoa que queres e que o tempo é curto. Aprendes que não importa onde já chegaste, mas onde vais, mas se tu controlas os teus actos ou eles te controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprendes que heróis são aqueles que sempre fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências. Aprendes que paciência requer muita prática. Descobres que algumas vezes a pessoa que esperas que te calque quando cais é umas das poucas que te ajudam a levantar.
Aprendes que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que tiveste e que aprendeste com elas do que com quantos aniversários celebraste. Aprendes que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são tolices, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar, mas isso não te dá o direito de seres cruel!

Descobres que só porque alguém não te ama da maneira que queres que te ame, não significa que essa pessoa não te ame, pois existem pessoas que nos amam, mas não sabem como demonstrar isso. Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém... algumas vezes tens de aprender a perdoar-te a ti mesmo! Aprendes com a mesma severidade com que julgas, serás em algum momento condenado. Aprendes que não importa em quantos pedaços o teu coração foi partido, o mundo não pára para que o concertes. Aprendes que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto, planta o teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperares que alguém te traga flores.

E aprendes que realmente podes suportar... que realmente és forte! E que podes ir muito mais longe depois de pensares que não podes mais... e que realmente a nossa vida tem valor e que tu tens valor diante da vida! As nossas dúvidas são traidoras e fazem-nos perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar.

William shakespeare

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Metade

Que a forca do medo que tenho nao me impeca de ver o que anseio, que a morte de tudo em que acredito nao me tape os ouvidos e a boca, pois metade de mim e o que eu grito mas a outra metade e silencio. Que a musica que ouco ao longe seja linda ainda que tristeza, que a mulher que eu amo seja pra sempre amada mesmo que distante, porque metade de mim e partida mas a outra metade e saudade. Que as palavras que falo nao sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a unica coisa que resta a um homem inundado de sentimento porque metade de mim e o que ouco mas a outra metade e o que calo. Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereco, que essa tensao que me corroi por dentro seja um dia recompensada, porque metade de mim e o que penso e a outra metade um vulcao. Que o medo da solidao se afaste e que o convivio comigo mesmo se torne ao menos suportavel, que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que me lembro ter dado na infancia, porque metade de mim e a lembranca do que fui e a outra metade nao sei. Que nao seja preciso mais que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espirito e que o teu silencio me fale cada vez mais porque metade de mim e abrigo mas a outra metade e cansaco. Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela nao saiba e que ninguem a tente complicar porque e preciso simplicidade pra faze-la florescer, porque metade de mim e plateia e a outra metade e a cancao. E que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim e amor..... e a outra metade tambem....

Oswaldo Montenegro

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Deixa-me Rir, Jorge Palma

Deixa-me rir
Essa história não é tua
Falas da festa, do Sol e do prazer
Mas nunca aceitaste o convite
Tens medo de te dar
E não é teu o que queres vender

Deixa-me rir
Tu nunca lambeste uma lágrima
Desconheces os cambiantes do seu sabor
Nunca seguiste a sua pista
Do regaço à nascente
Não me venhas falar de amor

Pois é , pois é
Há quem viva escondido a vida inteira
Domingo sabe de cor
O que vai dizer Segunda-Feira

Deixa-me rir
Tu nunca auscultaste esse engenho
De que que falas com tanto apreço
Esse curioso alambique
Onde são destilados
Noite e dia o choro e o riso

Deixa-me rir
Ou então deixa-me entrar em ti
Ser o teu mestre só por um instante
Iluminar o teu refúgio
Aquecer-te essas mãos
Rasgar-te a máscara sufocante

Pois é, pois é
Há quem viva escondido a vida inteira
Domingo sabe de cor
O que vai dizer Segunda-Feira