quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Metade

Que a forca do medo que tenho nao me impeca de ver o que anseio, que a morte de tudo em que acredito nao me tape os ouvidos e a boca, pois metade de mim e o que eu grito mas a outra metade e silencio. Que a musica que ouco ao longe seja linda ainda que tristeza, que a mulher que eu amo seja pra sempre amada mesmo que distante, porque metade de mim e partida mas a outra metade e saudade. Que as palavras que falo nao sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a unica coisa que resta a um homem inundado de sentimento porque metade de mim e o que ouco mas a outra metade e o que calo. Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereco, que essa tensao que me corroi por dentro seja um dia recompensada, porque metade de mim e o que penso e a outra metade um vulcao. Que o medo da solidao se afaste e que o convivio comigo mesmo se torne ao menos suportavel, que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que me lembro ter dado na infancia, porque metade de mim e a lembranca do que fui e a outra metade nao sei. Que nao seja preciso mais que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espirito e que o teu silencio me fale cada vez mais porque metade de mim e abrigo mas a outra metade e cansaco. Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela nao saiba e que ninguem a tente complicar porque e preciso simplicidade pra faze-la florescer, porque metade de mim e plateia e a outra metade e a cancao. E que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim e amor..... e a outra metade tambem....

Oswaldo Montenegro

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