quarta-feira, 9 de maio de 2012

Perfeitamente substituível

Uma merda, às vezes é exactamente assim que nos sentimos: "uma bela merda".
A sério, mais me valia estar aqui quietinha e sozinha, sem motivo nenhum para me queixar. Era estar aqui, sem nenhuma razão para reclamar sobre a minha vida, sem qualquer questão a colocar. Era feliz, juro que era.
Mas não, a vida é madrasta, madrastinha que nos chateia e nos impõe questões, nos impõe a necessidade de questionarmos coisas que não gostamos que não queremos.
Podia sentir-me bonita, amada, desejada, única. Não. Antes sentir-me perfeitamente substituível, para quê estar com o ego nos píncaros? Fica-me mal. Assim é que está bem, pequena, ridiculamente igual a qualquer outra. Uma qualquer, é isso que sou.
Nem mais, nem menos: um pequeno ser, sem nada que faça de mim indispensável e mais irresistível do que qualquer outra no mundo.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Same old story

Momentos em que sento em frente ao computador e dedico o meu tempo a escrever são, quase invariavelmente, momentos em que a homeostasia do mundo que me circunda tende a ser, por algum motivo, quebrada.
Ao fim de algum tempo de partilha começamos a aperceber-nos das diferenças que existem entre nós, daquelas pequenas características que por tudo e por nada são capazes de nos levar o auto-controlo e criar uma discussão em escassos instantes. Depois, à medida que a relação amadurece, vamos percebendo que essas pequenas diferenças não valem a dor que nos causam e aprendemos a conviver pacificamente com elas. De uma coisa há certeza: essas características existem em ambas as partes e o esforço para combater a antipatia que causam tem que ser mútuo, de outra forma alcança-se um equilíbrio patológico em que uma das partes faz todas as cedências e a outra permanece imutada.
Acredito em cada linha do que escrevi, contudo, e mesmo sabendo que, neste caso em particular, as cedências são reciprocas há sempre os momentos em que sentimos que merecemos um pouco mais do que aquilo que nos é oferecido. Chega sempre a altura em sinto que merecia talvez não muito, mas um pedacinho um pouco maior de partilha, de entrega e, acima de tudo, de dedicação. Porque, quer queiramos quer não, uma relação não subsiste sem dedicação, sem entrega, sem a noção de que algo só dura para sempre se fizermos tudo ao nosso alcance para que assim seja. Uma relação é algo delicado que necessita de cuidado permanente. Ficar impávido e sereno a assistir ao tempo passar não prolonga a duração de uma relação, atribui-lhe um prazo de validade que é determinado ou pela paciência do elemento que demonstra maior entrega ou simplesmente porque termina o que o outro tem para oferecer per se e nada foi feito para construir novas ambições e velhas recordações.
Estar numa relação é estar numa busca incessante por estar sempre bem (e cada vez melhor) com a pessoa com quem partilhamos a nossa vida, com a pessoa a quem, voluntariamente, dedicamos os nossos dias e a quem oferecemos o nosso coração. É nesse voluntariamente que cada um se deve focar; a pessoa que amamos ofereceu-nos o que de mais frágil tem e é nossa responsabilidade garantirmos que nada de mal lhe acontece.
Faz parte das nossas competências saber o que fazer e quando o fazer, faz parte das nossas competências saber que o outro não é um dado adquirido, um elemento certo e assegurado nas nossas vidas, quando menos esperarmos as coisas podem mudar a sua conformação e, sem que tenhamos noção de como aconteceu, estamos sozinhos, à deriva e sem saber o que fazer num mundo que nos habituamos a partilhar.
Esquecer algo tão simples como partilhar uma "intenção de" pode deixar o coração do outro apertado, a sentir-se diminuído e menosprezado... Porque a única questão que assalta a nossa mente é "mas porque não me perguntou? certamente porque não me queria por perto ou não queria que tivesse influência na sua decisão".
Saber que num longo tempo disponível, partilhar uma actividade connosco não faz parte das prioridades da pessoa que amamos e saber, simultaneamente, que existem os tais planos para os quais não fomos tidos nem achados e pressentir, à partida, que do tempo sobrante vem uma justificação já quase vintage nesta relação como "também tenho que ficar por cá algum tempo, tens que compreender" é motivo para, mais uma vez, o coração se apertar e doer um pouco.
O que dói, mais do que a distância, é saber que a presença não tem para o outro a mesma importância que tem para nós, é saber que não irá haver sequer um minuto de hesitação quando tiver que ser feita a opção "2 vezes eles e nenhuma vez eu vs 1 vez eles e uma vez eu"...
Um longo suspiro é tudo que me ocorre depois disto... parece-me um assunto já tão debatido, já visto e revisto, discutido, dissecado, retalhado... Mas, de quando em vez, lá volta a questão à cena e torna-se tão actual e dolorosa como da primeira vez.
Incomoda-me sentir esta inércia dentro de mim que já nem me deixa expressar devidamente a dor que sinto... fico-me por uma sensação de um pequeno vazio, como algo que me é roubado, algo que me devia pertencer mas que, por já saber, à partida, que não é bem assim é-me levada a capacidade de chorar ou sofrer devidamente com isto... fico apática, sem capacidade de reacção... as sad as that can be...

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

tempo para viver (quando deve ser...)

Chegamos a determinado ponto em que um conflito entre actividades que nos dão um certo prazer e o conforto das manias que ganhamos ao longo dos anos se mostram de difícil compatibilidade.
Parecendo que não, aqui estou eu a iniciar o meu sexto ano na faculdade (god...) e, por mais que o meu modo de ser, tranquilo e despreocupado, me permita levar muitas coisas "na boa, sem stresses", a verdade é que o peso desta terceira idade no que diz respeito aos anos de faculdade se abate sobre mim. Há alturas em que ignoro e que vivo como se fosse um "semi-puto" feliz de capa traçada e pasta na mão já com saudades de ser praxada, em que dou por mim a sair em noites consecutivas, aparentemente cheia de energia, como alguém que está pela primeira vez fora da casa dos pais e quer aproveitar ao máximo a sensação de liberdade.

O que acontece, o que me custa é que por mais que tente negar e dizer que "estou um bocadinho mal-disposta" (...) "Não estou no meu melhor humor" (...) "Não se passa nada" a verdade é que cá dentro sinto-me já muito desgastada destas andanças e, por mais que a vontade de reacender a paixão pelo academismo seja grande, os pés cansados, as olheiras e a incapacidade para sair da cama para ir às aulas no dia seguinte denunciam a minha velhice no que a este ponto diz respeito. Continuo a tentar achar que é possível juntar-me às mais pequenotas e ignorar a diferença evidente que existe na nossa vivência, na nossa maneira de estar e construir algo que se possa dizer que valha a pena. Quando estamos ligados ao topo de uma determinada hierarquia mas a nossa posição devida é na base da pirâmide é (incrivelmente) difícil saber que postura adoptar.

Sinto-me um pouco como "feeling twenty two (three neste caso), acting seventeen". Gosto do projecto em que estou envolvida e sei que me vai, certamente, trazer variadíssimos momentos de diversão, convívio e mesmo felicidade. Mas odeio, odeio profundamente, ver-me quase que obrigada a aprender a fazer algo pelo qual sinto o mais profundo desdém e é, muitas vezes, nesses momentos em que penso "isto não é nada verdadeiramente sério, já não tens idade para te sujeitar a esta pressão se isso te incomoda". Não me considero particularmente trabalhadora mas sei que sou boa a organizar, a planear, a orientar; o problema que se coloca é, nada mais que, a minha posição actual, no projecto em causa, não me permitir dar uso às minhas melhores capacidades e "obrigar-me" a uma série de tarefas para as quais já não me sinto, minimamente, disponível, a minha paciência já não é capaz de as suportar, não porque considere que são injustas, inadequadas ou que as "instruções superiores" sejam, de algum modo, impensadas. Acontece simplesmente que o meu tempo para essas coisas já passou, já vivi, embora não com este grupo, todo este tipo de experiências, já senti as minhas revoltas, já tive os meu momentos de indignação, agora, o meu estado de espírito, o meu modo de ser já não me permite viver tudo isto com a mesma capacidade de aceitação.

A sensação que me fica e que grande parte do meu tempo já passou e que não vou a tempo de tentar recuperar coisas que devia ter vivido há 4 anos atrás...

How sad can that be?...

domingo, 21 de novembro de 2010

Don't worry... be happy!


Às vezes, pergunto-me se seria capaz de viver num mundo diferente daquele a que me habituei.
É tão fácil questionar aquilo que sou e o modo como vivo, fácil demais olhar para os meus hábitos e pensar que gostaria de fazer X, Y ou Z, dar asas ao meu poder criativo, à minha liberdade de ser, estar e viver.
Encho-me de coragem e penso nas infindáveis hipóteses que a vida me dá, nas perspectivas daquilo que se avizinha , quando levanto os olhos para ver o mundo.
Sabe bem sentir a brisa, caminhar junto à praia e fazer planos, pensar que não tenho medo da mudança, que estou disposta a receber o futuro com um sorriso.
É tao fácil pensar no que quero fazer e dizer, pensar que quero conhecer o mundo sem amarras.
Ao fim de algum tempo, pensaria que minha liberdade teria o tamanho, a forma e a consistência da distância que existe entre nós... mas, em verdade, essa distância não existe. Assim, os caminhos que traçamos são comuns e a liberdade que seria curta, não moldável é antes exponenciada pela flexibilidade daquilo que existe entre nós, não quebra, não estira, não rasga, e se dói... há sempre uma qualquer antalgia que permite, que, depois, se tenham alongado os laços...
A distância que existe entre nós não é a que me afasta da liberdade, é sim a que me afasta da plenitude...
É tão fácil pensar em planos quando posso, depois, rir, pensar na estupidez das minhas ideias e deitar-me junto a ti com o rosto encostado ao teu peito, a ouvir a tua respiração e pensar que, sem ter que fazer por isso, as nossas ideias se irão encontrar, complementar...
São as pessoas felizes quem, certamente, faz mais planos, as outras, ivariavelmente, vivem à procura da felicidade e essa, quase sempre, chega por acaso...

Não me parece que seja capaz de viver num mundo diferente deste a que me habituei, nem tenho qualquer vontade de por a questão à prova!
É tão fácil habituarmo-nos a ser felizes... :)

Maravilhoso!


JP Simões - Tango do antigamente

sábado, 11 de setembro de 2010

Why?


Sinto-me dividida entre a alegria de começar um novo ano lectivo, na minha adorada invicta, e a sensação de que o tempo me começa a pesar e, na realidade, às vezes, muito às vezes, gostava de já estar mais perto do fim do curso... Ir para o quinto ano na faculdade e saber que, mesmo assim, ainda é o 5º de 7 deixa-me nervosa, por vezes impaciente...
E, no meio de tudo isto, a inspiração e as palavras, que não chegam nunca, nao me permitem expressar-me melhor... why?

PS: se nao fosse pela meia duzia de pilares que sustentam a minha estabilidade emocional, vulgo my dearest friends and lover, creio que estariamos perante uma situação de potencial crise. Assim, são só pensamentos, coisas que me vão passando pela cabeça, nada mais. Thank God!

sábado, 17 de julho de 2010

Eis que decidi tirar uns minutos para pensar no assunto e responder ao desafio :)

6 coisas sobre mim que provavelmente não saibam...


1- Álcool/Festa: Sou adepta acérrima do whisky e do gin tonico, caracteristicas perfeitas para me permitirem inserir no grupo, quando estou apenas com amigos do sexo masculino.

2- Gula: Adoro os meus lanches no CCB com fatias de bolo de chocolate gigantes do Pimenta Rosa.

3- Musica: Tenho uma paixão inabalável por Pink Floyd e, para mim, o Dark Side of the Moon podia, perfeitamente, competir com a descoberta da penicilina em termos de relevancia para a sociedade (sarcasm!).

4-
         a) Cinema: Vejo filmes compulsivamente quando estou de férias, até atingir o limiar de "calma, mas este momento era de que filme mesmo?!", adoro cinema mudo e o Metropolis é a melhor coisa que aconteceu no cinema (até ao Laranja Mecanica! :p)!

        b) Series: Quando estou a ver um anime nao consigo ver so um episodio ou dois, fico, invariavelmente, horas em frente ao computador, até, eventualmente adormecer! Rurouni Kenshin <3

        c) Amo Senhor dos Aneis e STAR WARS, gosto da ideia de ter um Storm Trooper na sala e fiquei, recentemente, maravilhada com a ideia de ter uma Millenium Falcon como mesa de centro!

Assim de repente lembrava-me de mais umas coisas, mas o desafio so pedia mesmo 6!

Obrigada pelo desafio Pepitas (ponto nº6 comprovado ;p)!

sábado, 19 de junho de 2010



 
No auge da minha exaustão mental surgiu em mim um impulso para escrever, para, mais uma vez, partilhar um qualquer devaneio que me ocorra, mas, em verdade, sinto que a exaustao talvez tenha ultrapassado, ao menos momentaneamente, toda e qualquer criatividade.
Talvez por ver toda a minha capacidade intelectual dirigida para umas quantas paginas (que me parecem intermináveis) de Harrison, por me ver forçada a fechar e limitar a vontade de questionar porque o tempo se encurta.
Oficialmente, sinto-me perfeitamente incapaz de articular palavras, incapaz de formular frases que façam sentido... talvez esteja, de facto, na hora de dormir...



No fim da época de exames criarei um grupo no facebook com o seguinte nome "eu sobrevivi ao 3º ano de Medicina do ICBAS", dá-me ideia de que a adesão será significativa :)

sábado, 5 de junho de 2010

Fogo e Noite





Aconteceu...
e por me teres feito cego
recordo o sabor da tua pele
e o calor de uma tela
que pintámos sem pensar.
Ninguém perdeu,
e enquanto o ar foi cego
despidos de passados
talvez de lados errados
conseguiste me encontrar.

Foi dança
foram corpos de aço
entre trastes de guitarras
que esqueceram amarras
e se amaram sem mostrar.
Foi fogo
que nos encontrou sozinhos
queimou a noite em volta
presos entre chama à solta
presos feitos para soltar...

Estava escrito
E o mundo só quis virar
a página que um dia se fez pesada

E o suor
que escorria no ar
no calor dos teus lábios
inocentes mas sábios...
no segredo do luar.
Não vai acabar
Vamos ser sempre paixão
Vamos ter sempre o olhar
Onde não há ninguém
Dei-te mais...! Valeu a pena voar...

Estava escrito
E a noite veio acordar
a guerra de sentidos travada num céu

Nem por um segundo largo a mão
da perfeição do teu desenho
e do teu gesto no meu...
foi como um sopro estranho...
...e aconteceu...

És noite em mim,
És fogo em mim.
És noite em mim.


Toranja

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Decisões...




Estava hoje a ver, como habitualmente, as noticias e li que se completaram 30 anos desde que o Ian Curtis se suicidou.

Dei por mim a pensar nas decisões que as circunstancias da vida nos levam a tomar, a pensar onde ficará o limiar de dor e desespero que não somos capazes de suportar e decidimos, simplesmente, abandonar tudo. Acho que a determinada altura todos nós nos questionamos relativamente a quanto somos capazes de aguentar. Como é que pessoas com talento, bem sucedidas, com novas oportunidades à sua frente, um sem fim de propostas e ideias para o futuro, decidem, de um momento para o outro, que basta! que não querem mais fazer parte deste mundo.
Pensando neste caso em particular, quando as suas ambições estavam prestes a serem concretizadas, quando as portas do mundo da musica estavam abertas em par para receber tudo aquilo que tinha para oferecer, algo pesou noutra direcção e é caso para dizer "he's lost control".
Apaixonei-me pelo filme sobre a vida deste senhor, Control. Quando o vi, foi um daqueles que me deixou durante algumas horas a pensar sobre quem somos e para onde vamos, e, hoje, recordei, de novo, esse sentimento.
Curiosamente, tenho uma certa dificuldade e expressar o meu parecer relativamente a este tema, talvez porque a ideia de por um fim, voluntário, à vida me pareça algo perfeitamente inconcebível (quem sabe porque o meu mundo cor-de-rosa, sem complicações que se possam dizer significativas, não me permite ver para além do conforto que me rodeia).
Continuo sem saber se lhe chamar um acto de coragem ou um acto da mais pura covardia... talvez só chegue a essa conclusão com o passar dos anos... talvez os meus pequenos 21, quase 22, anos não sejam suficientes para ter o discernimento que me permita expor uma opinião consistente.
Sei apenas que este senhor com a sua "holy voice" como lhe chamou Bono Vox deixou preciosidades às gerações que lhe sucederam e sucedem... quem sabe o que poderia ter feito se não tivesse desistido de tudo no fulgor dos seus 23 anos!...



Love will tear us apart - Joy Division

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Quase quase....


Porque esta semana é sempre excepcional... e ver Franz Ferdinand a preço de saldo
não se consegue todos os dias :)

terça-feira, 27 de abril de 2010

Hora acertada, at last!


Afinal era bem fácil colocar as horas correctas...
"i'm so bloody blonde!"

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Ponto da Situação


Vistas bem as coisas, passaram-se qualquer coisa como 10 semanas de aulas, meia dúzia de aulas assistidas, nenhum trabalho adiantado, uma semana de frequências à porta e o estudo, assustadoramente, desorganizado e atrasado!
Definitivamente, não nasci para esta coisa das frequências, supostamente servem para nos facilitar a vida, mas, na minha mente, vejo-as apenas como mais uma altura em que me vejo obrigada a rodear-me de livros, não por prazer, mas porque tem MESMO que ser! Não gosto! Ver duplicadas as alturas em que tenho que estudar não faz o meu género, não encaixa na minha maneira de ser. (Adoro a maneira como arranjo, compulsivamente, desculpas de mau pagador para parar de estudar!)
Balanços feitos, acho que vou ver um episódio de alguma coisa, afinal, é sempre nesta altura que aproveito para me actualizar no que diz respeito a séries e afins!
Será que já há um video novo da annoying orange? será que, finalmente, saiu um episódio de big bang theory? será que alguém conspira para um holocausto nuclear? são tudo duvidass que me parecem perfeitamente plausiveis de ver esclarecidas... por isso, vou dedicar-me, por mais uns momentos, a estas belas inutilidades!

terça-feira, 13 de abril de 2010

O Lugar


já é noite, o frio está em tudo o que se vê
lá fora ninguém sabe que por dentro há vazio
porque em todos há um espaço que por medo não se deu
onde a ilusão se esquece do que o medo não previu
já é noite o chão é mais terra pra nascer
a água vem escorrendo entre as mãos a percorrer
todo o espaço entre a sombra entre o espaço que restou
para refazer na vida no que o medo não matou

mas onde tudo morre tudo pode renascer
em ti vejo o tempo que passou
vejo o sangue que correu
vejo a força que me deu quando tudo parou em ti
a tempestade que não há em ti
arrastando para o teu lugar e é em ti que vou ficar
já é dia e a sombra está em tudo o que se vê
lá fora ninguém sabe o que a luz pode fazer
porque a noite foi tão fria que não soube acordar
a noite foi tão dura e difícil de sarar

mas onde tudo morre tudo pode renascer
em ti vejo o tempo que passou
vejo o sangue que correu
vejo a força que me deu quando tudo parou em ti
a tempestade que não há em ti
arrastando para o teu lugar e é em ti que vou ficar

mas eu descobri a casa onde posso adormecer
eu já desvendei o mundo e o tempo de perder
aqui tudo é mais forte e há mais cores no céu maior
aqui tudo é tão novo e o que pode ser amor

e onde tudo morre tudo volta a nascer
em ti vejo o tempo que passou
vejo o sangue que correu
vejo a força que me deu quando tudo parou em ti
a tempestade que não há em ti
arrastando para o teu lugar e é em ti que vou ficar

já é dia e a luz está em tudo o que se vê
cá dentro não se ouve o que lá fora faz chover
na cidade que há em ti encontrei o meu lugar
e é em ti que vou ficar.

Tiago Bettencourt

Em busca do antidoto para o desamor...

Se tivesse como, mandava-me a mim mesma à merda. Não sei por que insisto em ficar triste por situações que, em verdade, não têm, tanto assim, de grave.
Raios me partam se não me magoa ver a dedicação a coisas que, na minha tão idiota visão, não deveriam ser tao importantes assim... Não tenho como evitar. Eu tento, juro que tento achar que é normal, que é assim que tem que ser, mas, depois, lá vem aquele maldito bichinho sussurrar-me ao ouvido e dizer "nunca viste aquela dedicação em outras situações que não sejam deste tipo"... Mas porquê? Porquê?
Era tão mais simples se conseguisse ver naturalidade nestas actividades, nestas tarefas, era tão melhor ver razão e lógica no empenho, na entrega. Mas não! Quando é que eu, ser humano complicado desde sempre, ia ver tudo isto como normal?
Eu bem insisto comigo mesma, mas, depois, lá voltam os pensamentos... as dúvidas... as incertezas. Penso eu: será que ele me põe em segundo plano? será que afinal aquilo é mais importante do que eu? E, aí, afasto, vigirosamente, essas ideias do meu pensamento. E tento conformar-me que de é só a maneira de ele ser... que, em caso de dúvida, me escolhe a mim!... E aí, mais uma vez, inexoravelmente, oiço, ao longe, quase como um eco que persiste bem baixinho,
"Será?"...
Sim, é! Não podem restar em mim estas dúvidas tão pouco pertinentes. Todos temos os nossos hobbies, as nossas coisas, os nossos vícios. Isso, daqui em diante, talvez pense nisto como um vício. Talvez seja mais fácil vê-lo dessa forma.
Era de valor que alguém me desse duas bofetadas por criar um clima desagradável por causa de algo assim.
Ouvi "Fica com mau humor o dia inteiro!"... E eis que dei por mim a reflectir no quão inútil e desnecessário isso é... Mas, depois, passo por ti e vejo-te tao feliz que o ciume me turva a visão e impede o descernimento.
Há, em mim, uma dor, um aperto, algo que, a todo o custo, tento cortornar mas, eventualmente, vejo-me ser derrotada.
O ciume, que não é nada mais do que isso, ciume, deixa-me amuada e triste... porque me pareces sempre mais feliz com eles do que comigo.
Mas porque é que eu sou assim? Porquê? Paro para pensar e sinto que estou a agredir a felicidade pelas costas com estas situações...
Mas isto irá mudar... sim, estou convicta que sim... Um dia, espero que em breve, vou ver tudo isto como normal, sem filmes, paranoias, amuos ou tristezas... at least I hope so...



Afinal... em caso de dúvida, refugiar-me-ei na ideia de que "se te tivesse encomendado não terias saído tão perfeito para mim"... :)


*

Fomos à Escócia e voltámos, loucos por ficar a sós
fomos mas nunca chegámos, a sair do meio de nós
Mas a Escócia que gostámos, capadócia que cavámos
Não nos deu o que esperámos quando pensámos ser avós
Fomos à Escócia e deixámos, três amores cada um
E o que da Escócia tirámos, foi estar sem amor nenhum
Ir e vir foi um regalo, o desamor sem força-lo
Mas se tão longe o buscámos, é que já tinha havido algum

Não me leves tu a mal
Não me tentes convencer
que o que havia em Portugal não chegava para saber
Dei-te um mês da minha vida e um mês é de valor
e tu podes ser bastante querida mas não é preciso dor
para provar o desamor

Por desamarmos deixámos, seis amores sem ter dó
e agora que regressámos, não sei se nos sobram só
É que havia certa esperança que podia ser só dança
Mas afinal a bonança era apenas beijo em pó

Não me leves tu a mal
Não me tentes convencer
que o que havia em Portugal não chegava para saber
Dei-te um mês da minha vida e um mês é de valor
e tu podes ser bastante querida mas não é preciso dor
para provar o desamor

B Fachada - O Desamor